segunda-feira, fevereiro 27, 2017

domingo, fevereiro 26, 2017

só uma música

Uma das canções minhas preferidas deste disco: «Moonlight Mississipi (A Whistle Stop Town)», uma gema de 2'30'' de Wilard Robison, burilada na perfeição por Rosemary Clooney e Buddy Cole.

sábado, fevereiro 25, 2017

arquivo: «Royal Garden Blues» (Sidney Bechet & Claude Luter, 1950)

George Gershwin: Um Americano em Paris


(1898-1937)





Orquestra Filarmónica de Los Angeles / Gustavo Dudamel

ARQUIVO: «Riff Raff» (AC/DC, 1978)

microleituras

Missiva extraordinária, com tudo o que tem de excessivo e profundamente sentido, emanado da personalidade trágica de Mouzinho de Albuquerque (1855-1902). Um estilo literário intenso, determinado e austero de quem estava, pelos princípios e pela formação, impedido de contemporizar. Mouzinho, que não se revia no seu tempo, «época de dissolução», culpava as elites pela desintegração do Portugal imperial. É visível uma proximidade do cesarismo de Oliveira Martins, fantasiosa teoria de enlace entre o rei e o povo, ainda não estragado pela venalidade da burguesia e alguma aristocracia. D. Carlos disse-lhe: «Faze dele um homem e lembra-te que há-de ser rei»; e Mouzinho quis fazer de Luís Filipe um rei-soldado, exército em que concentravam todas as altas virtudes pátrias de autoridade, disciplina e sacrifício. De como essa simbiose inconstitucional teria possibilidade de concretizar-se foi algo que o suicídio do aio e o regicídio, aliás torpe, não permitiram aferir.
Uma palavra para a edição miseranda, sem uma nota de contextualização, folheto provavelmente impresso para propagandear as glórias do império e do regime, por ocasião da Exposição do Mundo Português.

incipit: «Meu Senhor / Quando Vossa Alteza chegou à idade em que a superintendência da sua educação tinha que ser entregue a um homem Houve por bem El-Rei nomear-me Aio do Príncipe Real.»

Mouzinho de Albuquerque, Carta de Mouzinho de de Albuquerque a Sua Alteza o Príncipe Real D. Luís de Bragança

quinta-feira, fevereiro 23, 2017

este modo de estar só / que inventei sem querer
Rui Pires Cabral

arquivo: «Quelq'un m'a dit» (Carla Bruni, 2002)

quarta-feira, fevereiro 22, 2017

elogio Marine Le Pen

Nunca pensei algum dia vir a elogiar a líder da Frente Nacional. Esta força política representa (apesar de algum aggiornamento patínico pró liberal), tudo o que mais odeio: o racismo e o ultramontanismo católico, já para não falar em todo o lixo do antissemitismo, do colaboracionismo traidor com a Alemanha nazi e do colonialismo, que está ali representado.

Não esquecendo todas estas nódoas, de que ela se tornou a carinha laroca visualmente aceitável (ao contrário do boi do pai), não há que escamotear a dignidade, ainda por cima educada, com que recusou cobrir-se com um véu. A senhora estava ali, não como fiel, mas como líder política, representando uma fatia importante do eleitorado francês.

Sem deixar de reconhecer a fundamental importância cristã e católica na identidade nacional portuguesa, o iluminismo e as revoluções políticas puseram a Igreja no lugar que lhe pertence, o templo. Cumpra quem quiser, desde que não mace os outros. Sempre achei deplorável que um estado laico como o português ande com os padres atrás, de cada vez que há um acto oficial. Como foi ridículo, e afrontoso para muitos, assistir à beijoca do presidente da República na mão do papa, por muita simpatia que eu tenha por Francisco.

Voltando a Le Pen,  que não me merece a mínima confiança. Com o gesto de ontem, marcou pontos e deu um sinal correcto do que se espera de uma política ocidental. Para vergonhas, já por cá existem as criaturas do politicamente correcto, como esta triste ministra sueca que se diz feminista. 

No momento histórico actual vivemos uma guerra (palavras como 'conflito' ou 'crise' pecam por defeito) com várias trincheiras: a mais violenta é a que se trava com o financismo predador internacional, sem rosto, sem pátria, nem princípios; a outra, insidiosa e não menos perigosa trava-se com o integrismo religioso, hoje muçulmano (mas também hindu e budista -- não esqueçamos o que se passa na Birmânia, com a, pelo menos, passividade cúmplice da outrora heroína dos Direitos Humanos Aung San Suu Kyi), ontem cristão, quiçá amanhã renascido. Está na natureza das religiões, e contra elas nunca se pode baixar a guarda.

arquivo: «Quanto É Doce» (José Afonso, 1979)

terça-feira, fevereiro 21, 2017

estampa CCXXXVII - Mary Cassatt


Auto-Retrato (c. 1880)
National Portrait Gallery, Washington

50 discos: 23. CRIME OF THE CENTURY (1974) - #4 «Asylum»



segunda-feira, fevereiro 20, 2017

domingo, fevereiro 19, 2017

microleituras

Duas narrativas: «Os livros», em dezasseis pranchas, homenagem às histórias, às imagens, aos... livros que povoaram a nossa infância (a dos que tiveram a sorte de crescer com livros). Encantamento que não mais se desvanece, pela vida fora. Alice, Peter Pan, Pinóquio são crianças como o Menino Triste, só que este, infelizmente, é de carne e osso, condenado a perecer. O Menino Triste arranjará uma solução para essa contrariedade.
A segunda narrativa, «O sorriso», o Menino Triste tornado Homenzinho Triste, mostra como é sábio valorizar o que verdadeiramente interessa, e sorri.
O desenho de João Mascarenhas, a preto e branco muito contrastante, é esplêndido e aguenta muito bem o pequeno formato do... livro.

J. Mascarenhas, O Menino Triste -- Os Livros + 1 (2015).

prancha inicial


arquivo: «Pressure» (Anathema, 2001)

sábado, fevereiro 18, 2017

entretanto, Cavaco leva mais um enxerto de Sócrates

Aliás, merecido.

50 discos: 50. WE'LL NEVER TURN BACK (2007) - #4 «In The Mississipi River»


César Franck: Sinfonia em Ré Menor - 1. Lento. - Allegro non troppo


(1822-1890)



Orquestra Sinfónica Sostenuto / Takashi Kondo

Dick Bruna

Era a minha irmã quem os recebia, mas eu deleitava-me com aqueles desenhos e o génio com que o Dick Bruna os dispunha na página quadrada, assim o formato dos seus livros. Quando tive filhos, comprei-lhes todos quantos pude. E é o rapaz quem agora me entra por aqui adentro a perguntar "Sabes que morreu o Dick Bruna?"

quinta-feira, fevereiro 16, 2017

por falar em mentiras & mentirosos

Se formos ao currículo de Passos Coelho, as mentiras a mostrar são mais que muitas. O post do Aspirina B veio recordar-me a mentira de Passos sobre uma reunião que teve com Sócrates, num período crítico para o país, que aquele disse não ter ocorrido, e depois passou a telefonema, quando, de facto houve uma conversa de viva voz. Ou seja, Passos é um mentiroso com uma cara-de-pau dificilmente igualável.

Quanto a Centeno, se acaso não disse toda a verdade, vê-se que é prática que não lhe é natural. A escusada declaração de anteontem aí está para mostrar o seu pouco à-vontade nestas alhadas.  O que sei é que se trata do homem certo no lugar certo, como o próprio Marcelo reconhece. Tentar fintar o chicaneiros do PSD (Grã-Cruz para Centeno, já!)  é até patriótico, tal a desavergonhada ganância pelo poder, que perderam por vontade do povo.

Por outro lado, se houve mentira ou só meia verdade, o PSD com este líder, é a última entidade a poder abrir a boquinha, uma vez que Passos foi apanhado a mentir várias vezes, não numa comissão parlamentar, mas aos cidadãos eleitores, o que deveria inibi-lo de candidatar-se sequer à colectividade de chinquilho que possa frequentar. Não tem implicações penais, como brandiram os acólitos do CDS. Pois não, mas dessa e doutras nódoas de vigarice política não se livra o Passos.

De política, portanto, neste episódio grotesco que envolve a Caixa Geral de Depósitos, nada, zero, apenas miséria moral e indigência cívica, por muitos matos-correias que salamalequem e jurem pelo seu institucionalismo parlamentar, como se vê.

Dizem que querem levar esta macacada em que tornaram o parlamento "até às últimas consequências". Talvez não seja mal pensado -- estando PS, PCP e Bloco à altura das suas obrigações para com os portugueses -- vê-los estrebuchar outra vez, passado um ano de um dos mais patéticos episódios da política portuguesa, inaugurado pelo inefável Portas, com o seu "Senhor Primeiro-Ministro, vírgula, mas não eleito pelo povo", dirigido a António Costa. É difícil ser-se mais pateta.

arquivo: «Olympia» (Jon Anderson, 1982)

Nunca mais chega o 13 de Maio?

A ver se o CDS vai de joelhos a Fátima r o PSD ganha vergonha no Centenário das aparições de Nossa Senhora. 
A ver se acabamos com este regabofe, e Marcelo continua a descrispar.

terça-feira, fevereiro 14, 2017

50 discos:27. DARKNESS ON THE EDGE OF TOWN (1978) - #4 «Candy's Room»


Poema

Passos coelho teresa
Guilherme montenegro  o
Malato clara marques
Mendes
(Cavaco...   cavaco...)
E o gajo que faz o concurso na televisão depois do jantar

Hugo soares  oh
Porta-chaves josé eduardo
Martins pim! rangel  ah!
(Cavaco... cavaaco,,,)
e
saltam três super bock sabor autêntico na radicalidade
dum pratinho de hóstias para a mesa do cds.

arquivo: «New Rhumba» (Miles Davis, 1957)

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

Só se António Costa fosse parvo (inexiste-me pachorra para esta politicalha de merda)

é que retiraria a confiança a Mário Centeno. 
O país já esteve quatro anos nas mãos destes terroristas: as nulidades do PSD e os papa-hóstias do CDS. Para conseguirem o poder, são capazes de tudo (o chumbo do PEC IV é só o exemplo mais saliente). Não passam duns vulgares impostores, duns vendedores de banha-da-cobra, de criaturas sem escrúpulos. Enojam-me profundamente.
Mais este episódio criado pelas luminárias do PSD com os vendedores da farturas da primeira fila do grupo parlamentar no papel cães-de-fila, António Costa seria um rematado parvo se viesse a dar confiança a estes energúmenos da direita.
Por outro lado, episódios como este são de grande utilidade para desmascará-los, se disso houvesse necessidade. Mostra como é imprescindível um entendimento reforçado a toda a esquerda, a da Geringonça e a que dela ainda não faz parte, A força política que sabotar este entendimento, por cálculo político, sectarismo, o que seja, terá de ser apontada a dedo.

50 discos: 4. LITTLE GIRL BLUE (1958) - #4 «You«ll Never Walk Alone»


domingo, fevereiro 12, 2017

a memória é uma tarde de Setembro / um deus que te visita / a fruta pressentida pelo desejo
Manuel Afonso Costa

sexta-feira, fevereiro 10, 2017

estampa CCXXXVI - Domenichino


Rapariga com Unicórnio (c. 1609)
(Palácio Farnese, Roma)

arquivo: «Mr. Tambourine Man» (The Byrds, 1965)

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

os 'utentes' da língua e o Aborto Ortográfico

Sobre o aborto ortográfico e as suas consequências, está tudo dito. Meia dúzia de técnicos e burocratas da língua, do lado português, ajudaram a pari-lo, e o governo de Cavaco Silva, com Santana Lopes como secretário de estado da Cultura, deram-lhe o seguimento político.
Página negra na história da língua, como qualquer aborto é um nado morto, porque não há nem haverá nenhuma uniformização do português nos cinco cantos do mundo. Mais ano menos ano, este aviltamento da língua será insustentável, e os governos e as academias vão ter de introduzir alterações consequentes.
No entretanto prevalece o descaso dos decisores políticos e dos apparatchiks, o descaso com que tratam o património cultural português, que é coisa que não vivem nem sentem, a não ser que sintam o cheiro a votos pela manhã.
É uma generalização abusiva, dirão. É uma generalização, porventura injusta, porém nada abusiva, como testemunha o património histórico e cultural deste pobre país. Séculos de analfabetismo (meio milhão em 2017) pagam-se caro.
Repito o já escrito, por mais de uma vez: não há um único grande escritor português que não seja contra o aborto ortográfico. São os escritores os criativos da língua, os que quotidianamente a defrontam e desafiam. Desde que o problema se pôs, nem Saramago, Lobo Antunes, Mário de Carvalho, sancionaram este atentado. Vasco Graça Moura foi exemplar no seu combate cívico. O enorme Vitorino Magalhães Godinho, um dos historiadores de que Portugal se deve orgulhar, teve, contra o aborto ortográfico, o último combate da sua longa vida.
Nada que impressione ou incomode os 'utentes' da língua, como Vital Moreira, que escreve tão bem como qualquer notário, mistura alhos com bugalhos, não percebe que, antes de ser política, a questão da língua é um problema de cultura, em sentido amplo. É claro que para quem 'utiliza' a língua com a mesma displicência com que se serve da carreira 727 da Carris, estes assuntos são uma grande maçada. 

arquivo: «Lá no Xepangara» (João Afonso & João Lucas, 2010)

quarta-feira, fevereiro 08, 2017

microleituras

Poesia elegante e culta, de uma altivez que não se confunde com soberba, antes bordão para as encruzilhadas e passos em falso da existência, sempre condenada ao fracasso  do fim.









um poema

DA DENSIDADE E DA TRANSPARÊNCIA

Vai-se formando de tudo a densidade
mãos que apertamos olhos fulvos
que algum dia se entornaram verdes
e de tão verdes anémonas sem fundo.

E de tudo também a transparência
em breves segundos se insinua
como aqueles corpos que fugindo
o nosso olhar e desejo desabitam.

Em desafio ao sol a todas as estrelas
numa ronda de encontro e despedida
vai a roda da vida nos passando.

Por mais vigilantes e atentos ao acaso
algo de nós foge com a única promessa
de a luz que vemos não acabar nunca.

José Carlos González,  Biofonia seguido de Astrolábios  e A Mão Imediata, 2000 (?)

arquivo: «Love For Sale» (Cannonball Adderley, 1958)

terça-feira, fevereiro 07, 2017

criador & criatura

fonte

Carl Barks e Scrooge McDuck / Tio Patinhas

fonte

arquivo: «Kopka» (Dobet Gnahoré, 2010)

segunda-feira, fevereiro 06, 2017

a trolha na Ucrânia, a lata do Boris Johnson e a resposta que só Trump poderia dar a um jornalista pacóvio

O Boris Johnson, um beto para o qual se necessita de paciência extrema, vem à reunião da UE perorar sobre a Rússia, liderada pelo killer do Putin, e os líderes europeus fazem as habituais figuras de estúpidos. Líderes europeus que contam, note-se; porque os que até agora quase não contam, como António Costa, podem ter as posições sensatas e inteligentes que quiserem, porque lhes é igual ao litro. Merkel faz que não houve, Hollande, sempre imbecil, sente-se amparado na sua imbecilidade, Mogherini cacareja parvoíces -- e todos fazem boa cara à impertinência dos ingleses, em vez de os mandarem calar, por ausência total de legitimidade para exigir, dar, sequer aconselhar o que quer que seja na UE.
Não, isto está lindo. Não acompanho apenas a ralé de boa parte dos prostitutos & avençados do jornalismo económico, parvos por concordarem com o Xi Jinping na defesa dos mercados. Não, pá. O Trump, apesar dos balbucios, também diz coisas certas. Vejam como ele entalou o pacóvio da Fox News, que, ao falar de Putin, acrescentou: «É um assassino. Ele é um assassino!» E só o Trump, no gozo de toda a impunidade que lhe dá 1) o Poder, 2) o dinheiro próprio, 3) o apoio das massas, poderia ter respondido: «Então e nós? Somos ou não somos uns grandes filhos da puta?!»
Brilhante.

domingo, fevereiro 05, 2017

«Moonlight»


De Barry Jenkins. Filme notável, sensível e inteligente, cruzando um drama pessoal de um miúdo objecto de bullying, por 'razões' que escapam a todos os intervenientes, incluindo o próprio, mas que se vai percebendo ser a homossexualidade, com a América negra em pano de fundo. Soberbos, os três actores que repartem o papel principal: Alex R. Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes.

sábado, fevereiro 04, 2017

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

arquivo: J- «Já o Tempo se Habitua» (João Afonso & João Lucas, 2010)

O Trump a entrar nos eixos

Enfim, ainda estou para ver, dada a natureza da personagem. No entanto, um avisozinho a Israel, contra a extensão dos colonatos, não para solucionar o problema, mas para dar a ideia de alguma imparcialidade, aliás impossível no actual contexto internacional. Só que aquele problema não é regional, por isso os EUA vão procurando ganhar tempo. Tem sido essa a sua política para a região.
Por outro lado, acabamos de assistir à condenação da política russa na Ucrânia, por parte da embaixadora americana na ONU. Das duas uma: ou Trump já está devidamente enquadrado pelo complexo militar-industrial, que é o que determina em boa parte a geopolítica dos EUA, ou tratou-se de declarações para europeu ouvir e aquietar.

arquivo: J - «Just Gone» (King Oliver & Louis Armstrong, 1923)

quinta-feira, fevereiro 02, 2017

A chuva por vezes / Dificulta-me os olhos
Júlio Castañon Guimarães

arquivo: I - «(In My) Solitude» (Billie Holiday, 1952)

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

livros que me apetecem








O Árabe do Futuro 2 - Ser Jovem no Médio-Oriente, Riad Sattouf (Teorema)
Estrada Nacional, Rui Lage (IN-CM)
O Último Amante, Teresa Veiga (Tinta-da-china)
Tenho Cinco Minutos para Contar uma História, Fernando Assis Pacheco (Tinta-da-China)

arquivo: G - «Gloomy Sunday» (Billie Holiday, 1941)