segunda-feira, maio 30, 2016

O que pensará o papa Francisco da Igreja em Portugal?

Se o papa for mesmo o tipo decente que parece ser, não deverá ter apreciado a posição mal disfarçada da Igreja portuguesa (o amarelo-vaticano dos lencinhos, das t-shirts, etc.) em conluio com os partidos da Direita (passei pelo Geringonça e deparei com esta pérola da Cristas.), com as empresas particulares de ensino, e com as muitas vigarices, casos de polícia, detectadas entre escolas privadas e serviços Ministério da Educação.
O comunicado dos bispos, criticando a política mais do que justa do Governo, mostra de que lado eles estão. Se o papa for o que eu penso que é, um homem decente, estará desapontado com tão enviesados pastores.

P.S. Como ainda tenho uma filha num colégio, aliás religioso, fico à espera que a diocese de Lisboa, ou a paróquia de Cascais, me ofereça as propinas. Nem sabem o jeitaço que me daria.

sábado, maio 28, 2016

Real x Atlético

Só torci pelo Real por causa do Cristiano Ronaldo, que acabou em grande, felizmente. Tenho mais simpatia pelo Atlético. De qualquer modo, que jogaço!...

sexta-feira, maio 27, 2016

microleituras

Sobre a Censura e a auto-censura. O artiguinho saltou-me há vinte anos, impressionado com a leitura das «Mensagens» de Ferreira de Castro na sessão do MUD (1946) e na campanha de Norton de Matos (1949):  O medo das pessoas falarem livremente umas com as outras, não fossem ser presas, despedidas, interrogadas, torturadas. O país do medo. E, no tempo de Salazar, Ferreira de Castro escrevia isto para ser lido em público:

«[...] Os Portugueses, na sua maioria, vivem numa permanente desconfiança [...] Eles vêem em todo o compatriota que não conhecem um possível inimigo -- um homem que lhes pode fazer mal. Eles desconfiam de tudo, até dos mendigos, algumas vezes até dos parentes. até da sua própria sombra. Mesmo os homens mais pacíficos, pais de família cuja principal preocupação poderem alimentar os filhos, vivem neste ambiente de suspeição, que produz, tantas vezes, imerecidos juízos sobre pessoas que, afinal, são outras tantas vítimas do medo.»
(«Mensagem de Ferreira de Castro», Campanha Eleitoral da Oposição. Depoimento. 3.ª série, Lisboa, 1949)

O mesmo ano, contra a mediocridade instaurada pelo medo, com os surrealistas a erguerem-se. E, por falar em surrealistas, cruzo na temática do medo, poemas de Alexandre O'Neill, Natália Correia, mas também de Manuel da Fonseca e Manuel Alegre. E foi o que me veio à memória, quando pensava no que escrever sobre esta separata. Lembrei-me do parazer em pegar nos textos, aqui e ali, misturá-los, cozinhá-los. Sempre gostei de fazê-lo. E não apenas com a literatura, mas também com a pintura, a música...

incipit - «Uma ideia que tem feito carreira com sucesso é a da inexistência de grande obras reveladas após o 25 de Abril, dessas que aguardaram publicação durante anos nas gavteas dos seus autores.»

 Ricardo António Alves, Ferreira de Castro: Um Escritor no País do Medo (1997)
(também aqui)


quinta-feira, maio 26, 2016

+ VALE NUNCA



lutemos pelo horário das 50 horas!

O governo belga quer impor o horário de trabalho de 45 horas semanais. São mesmo uns frouxos, estes belgas... Cinquenta horas, cinquenta é que é! Vamos mostrar aos mercados que não somos menos que os asiáticos! Porque é mesmo para isto que andamos por cá, para encher os bolsos aos espertalhões, como trabalhadores e também como consumidores. 
Se calhar pensavam que a vidinha que levamos, com tanta oferta de diversão, de gadgets, coisas essenciais, eram de borla? Se calhar pensavam... Trabalhem, pá, escravizem-se para serem felizes! Felizmente, há líderes que não são retrógrados e sabem do que nós precisamos e gostamos.

50 discos: 21. GRAND HOTEL (1973) - #2 «Toujours l'Amour»


quarta-feira, maio 25, 2016

"Há Flores no Cais"

1. A primeira coisa que os portugueses têm de agradecer aos estivadores é a de lhes mostrarem que os trabalhadores não são propriamente cordeiros para se sacrificarem em nome dos interesses de meia dúzia de operadores portuários.
2. Como diz, e muito bem, Catarina Martins, está na hora de o Governo meter os operadores na ordem.
3. Era o que faltava, o Estado ser conivente com a táctica gananciosa de meia dúzia de empresários. Não querem nem sabem negociar?, querem maximizar o seu lucrozinho? Borda fora, que estão a ocupar os portos nacionais que não são deles, mas do povo português.
4. Ouvi ontem a ministra Ana Paula Vitorino, que tem sido muito elogiada pelos que criticam os estivadores, muitos deles arrebanhados na estratégia comunicacional dos operadores. Pelo que ouvi, ela dirigiu-se às duas forças em presença, tendo mesmo ameaçado anular as concessões, caso não houvesse entendimento. Não me parece que a ministra tenha esquecido a que governo pertence. Para miséria política, já cá tivemos o governo de Passos e o ministro da Esmola do CDS. 
5. Por uma questão de higiene, não vou alongar-me com o atraso de vida do jornalismo, como sempre manipulado. Fico à espera dum trabalho como deve ser, por exemplo da equipa de Sandra Felgueiras, no "Sexta às 9".
6. Se há coisa que me enoja é este putedo neo-liberal que quer embaratecer o trabalho, precarizar o trabalho, com tudo o que isso implica de desestabilização para as famílias de quem trabalha. O esticar da corda persiste, mas ela vai rebentar, com estrondo. Os povos da Europa estão cansados de serem governados por agentes dos financeiros. O que se está a passar em França e na Bélgica é só o princípio. O Partido Socialista Francês é bem a imagem do seu líder: uma inércia balofa, sem nervo nem alma; uma porcaria que será bem cuspida nas próximas eleições; mais um degrau nas ascensão da extrema-direita ao poder, que, a seguir este caminho, será mais cedo do que se pensa.
7. Venham depois os analistas debater, em especial umas luminárias das faculdades de Economia, com assento permanente nos debates televisivos. Será difícil esquecer-me da cara alvar dum pateta da Católica (podia ser da Nova), que, em face da crise grega, não conseguia arranjar explicação para o que estava a acontecer, quando o Syriza chegou ao poder. A parva criatura, que deve ter rejubilado pelo aparente (ou efectivo, veremos) ajoelhar grego, também não perceberá se, goradas as expectativas do eleitorado grego, outra coisa ascenda perigosamente em próximas eleições. Nada perceberá, o pobre de Cristo.
Ah, isto tudo a propósito do blogue das mulheres dos estivadores.

50 discos: 35. REGATTA DE BLANC (1979) - #2 «Regatta De Blanc»


terça-feira, maio 24, 2016

Os colégios subvencionados, a economia de mercado, os casos de polícia, a juventude do PSD, as agências de comunicação e as estratégias de Passos & Cristas

1. Passos Coelho, com a coerência, rectidão e lisura que o povo lhe reconhece, veio carpir-se pelos professores dos colégios privados que eventualmente fiquem no desemprego. Nem vale a pena referir que, previsivelmente, alguns desses professores serão necessários nas escolas públicas; o que aqui me interessa vincar, mais uma vez, é a vigarice política deste indivíduo, o governante que mais gente mandou para o desemprego, que mais famílias desestruturou desde que há memória. Vergonha na cara, não existe.
2. Economia de mercado. É muito bonita para os outros, mas não serve, quando precisamos de pagar favores.
3. Excelente reportagem no «6.ª às 9», na RTP. Ficámos a saber, em mais um episódio em que o Estado é posto ao serviço dos interesses particulares, que, em várias ocasiões, as escolas públicas foram impedidas de abrir turmas, para as quais tinham disponibilidade, obrigando, de facto, os alunos a inscreverem-se nesses colégios particulares, no outro lado da rua. Há aqui bom trabalho para Ministério Público, PJ, etc.
4. Casos de polícia: isto tresanda a tráfico de influências e corrupção. Também seria bom que alguém denunciasse ao Ministério Público a manipulação (coacção?) que os interessados no actual status quo exercem sobre crianças que vêm para a rua manifestar-se.
5. As agências de comunicação a trabalhar: a JSD, elaborou (boa piada) um cartaz com Mário Nogueira a fazer de Stálin e Tiago Brandão Rodrigues em pose de marioneta. Presumo que boa parte desses meninos pense que o Estaline possa ser um émulo do Darth Vader.. 
6. A ideia que dá é que o PSD, para além de não ter um pensamento, também não tem estrategas, e que tudo está entregue às tais agências de manipulação. Muito me espantaria que a generalidade dos cidadãos veja alguma razoabilidade na subvenção destas escolas, havendo oferta pública. Muitos percebem, mas ao contrário da percepção dessas luminárias que orientam o partido: há alguém a beneficiar ilegitimamente dos favores do Estado, e o PSD aparece a dar-lhes cobertura -- é isso que é apreendido pelos cidadãos. Outra coisa que os portugueses não percebem (ou então percebem-no muito bem) é a propalada ameaça à chamada (e gasta) "liberdade de escolha" -- como se alguém impeça, quem queira e possa, de se inscrever em qualquer colégio, religioso ou laico. É a vigarice posta em marcha pelos interessados.
7. Felizmente, as pessoas não são estúpidas, principalmente quando se trata do seu dinheirinho. Continua, psd, que vais bem. Cristas, apesar das parvoíces que diz, parece ser mais esperta e dramatiza menos.

50 discos: 34. THE WALL (1979) - #2 «The Thin Ice»


segunda-feira, maio 23, 2016

"o velho gafanhoto Stravinsky"

A maravilhosa expressão está aqui, e foi o desenho de Picasso que logo me veio.

"liberdade de expressão"

Quando Manuel Alegre desertou, na Guerra Colonial e após ter sido preso, tomou uma das poucas decisões decentes que qualquer indivíduo apanhado numa engrenagem de crime deve fazer. Porque a Guerra Colonial levada a cabo pelo governo português de então, mais não pretendeu senão sustentar uma situação de facto: a dominação de territórios alheios, com recurso à força. Governo que, recordemos, era ilegítimo, por não assentar em mandato popular e se sustentar no poder com base na fraude (eleições forjadas), e no terror (pide, legião, informadores, prisões e deportações). Em 25 de Abril de 1974 a legalidade foi reposta..
Há por aí umas excrescências que têm o desplante, ainda hoje, de defender a acção do regime anterior neste campo, com o sofisticado argumento de que aquilo "era nosso e muito nosso" -- ipsis verbis ouvido num debate televisivo a uma criatura que numa anterior campanha para as presidenciais veio acusar Manuel Alegre de traição à pátria e outras aleivosias. Não foi uma crítica, foi um insulto, e grave -- ainda para mais durante um processo eleitoral, o que até pode levantar suspeitas de ataque oportunista e facciosamente motivado, portanto com agravantes.
O homenzinho foi há pouco condenado pela Relação a indeminizar Manuel Alegre, depois de uma luminária qualquer da primeira instância ter absolvido o ofensor.
Agora, vejo com desgosto, algumas pessoas defenderem a argumentação do advogado de defesa -- pessoa respeitável, mas que, enfim, exagera --, quando diz que esta condenação é de alguma forma um condicionamento da liberdade de expressão.
Como?...
Então, ao abrigo da liberdade de expressão, podemos fazer as acusações mais vis? Se eu tiver uma moral vitoriana, e disser que determinada fulana por ter tido mais do que uma relação amorosa, é uma puta, estou a insultar, com base em preconceitos trogloditas -- e, objectivamente a provocar um dano a essa pessoa --, ou estou a exercer o meu legítimo direito à liberdade de expressão? 
É evidente que esse direito não pode colidir com outro direito, que é o da dignidade e honra de terceiros, e qualquer adolescente percebe isso (o que pelos vistos não foi percebido pelo juiz da primeira instância). E de tal maneira assim é, que qualquer energúmeno pode vir defender que Angola (ou Timor ou o Brasil) "era nossa e muito nossa". Ao fazê-lo, ofende a minha sensibilidade, e mais do que isso: atenta contra um dos direitos humanos, que é o da autodeterminação dos povos. Mas nem por isso deixará de poder defendê-lo, ao abrigo da liberdade de expressão; outra coisa será afirmar-se que esse indivíduo, cuja condição militar lhe dava um poder que a generalidade dos cidadãos não tinha, foi um traidor à nação, por contibuir para sustentar um governo usurpador e ilegítimo, imposto aos portugueses. Por muito mal que eu possa pensar dele, não me atreveria a dar esse passo, e não só por poder sofrer uma justificada acção penal, mas porque os indivíduos são muito mais complexos dentro de situações também elas complicadas.   

só uma música

Não tenho muito para dizer, a não ser que se trata duma canção perfeita, com tudo no sítio.
De Aladdin Sane (1973).

sábado, maio 21, 2016

uma carta de Jorge Amado

imagem daqui
Grande documento, não apenas pela evidência do programa literário de Jorge Amado, como pelo que revela da influência que Ferreira de Castro tinha junto dos jovens escritores nordestinos brasileiros, cuja repercussão na geração neo-realista portuguesa é consabida.
Castro e Amado começaram a corresponder-se neste anos de 1934, mas só travariam conhecimento pessoal em 1948, em Paris, quando o autor brasileiro, então um activo militante comunista. teve de exilar-se. Essa amizade manteve-se e fortaleceu-se ao longo das décadas, tendo, por várias vezes e em diversas situações Jorge Amado evocado Ferreira de Castro, comovidamente. Das evidências dessa forte relação, basta lembrar que o o autor de A Selva é o autor português mais referido em Navegação de Cabotagem, as memórias de Jorge Amado.
Ferreira de Castro viria a ser um dos dedicatários de Jubiabá (1935), um dos romances mais marcantes de Amado.
O retrato do romancista de Gabriela, Cravo e Canela -- cuja primeira edição portuguesa foi prefaciada por Castro --, do mesmo ano da missiva, 1934, é do grande Candido Portinari, que em 1955, por ocasião dos 25 anos de A Selva, faria as ilustrações da edição comemorativa de A Selva.
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quinta-feira, maio 19, 2016

estivadores: parvos seriam se não fizessem greve

Outro escândalo, a chantagem dos operadores portuários, diante da greve às horas extraordinárias (horas extraordinárias...). Os patrões querem as mãos livres para contratar (e, portanto, despedir) pessoal não qualificado, a ganhar tuta-e-meia. Os estivadores têm o poder e a força, e não estão pelos ajustes em relação a estes truques dos patrões, talvez gulosos, talvez chupistas, certamente poltrões os que têm a lata de acusar os trabalhadores provocarem danos à economia nacional. Que lata,que vígaros. Acho que devem pugnar pelos seus legítimos interesses, e tentar sacar mais umas coroas ao Estado, esse nefando obstáculo à iniciativa privada.

civilização

Proposta, apresentada pela Ordem dos Médicos, de redução do horário de trabalho dos pais com crianças até aos três anos. Previsivelmente mal visto pelos bufarinheiros do costume, para quem tudo é mercadoria.

colégios privados

Um grande aplauso ao PSD e ao CDS, que, sem pudor, continuam a bater-se pelos negócios particulares.
Pode não haver dinheiro para a saúde, para a escola pública, para o património histórico e para os museus; pode abater-se no subsídio de desemprego, e encurtar a sua duração, mesmo que se tenha quarenta ou cinquenta anos; pode roubar-se à vontade nas reformas e cortar no subsídio à preguiça, o RSI ou Rendimento Mínimo Garantido, porque haverá sempre um qualquer banco alimentar (ou um banco de esmolas) para matar a fome aos pobrezinhos. O que seria dos bancos alimentares desta terra, não fossem os pobrezinhos?; das voluntárias e voluntários de sacristia, não fossem os pobrezinhos? São os pobrezinhos que lhes dão um sentido para as suas vidas, como sucede com a "Mónica", do conto da grande Sophia de MBA.
Voltando aos colégios: os cidadãos -- em regra tão atentos ao porta-moedas -- não deixarão de levar em conta esta grande causa por que se batem Passos e Cristas:
                                                                                          a de os impostos daqueles que pagam impostos efectivamente, servirem para custear uma escola pública com salas vazias e também financiar  dono do colègiozinho ao lado, para não haver um retrocesso, diz Passos  (ahahah, a lata destes tipos!...), talvez retrocesso civilizacional.
Continuem!, sim, continuem!...  
Mas que diabo! Não foram só os meus filhos a frequentar um colégio em que eu pagava, sem outra ajuda senão a de familiares, em alturas mais apertadas, ao mesmo tempo que com os meus impostos contribuía, e assim é que tem de ser, para a escola pública, que a quero de qualidade em todo o país. Eu próprio frequentei o melhor colégio do meu concelho, que também é um dos melhores do distrito, e do país, a Escola Salesiana de Santo António, mais conhecida pelos Salesianos do Estoril. Alguma vez o Estado contribuiu para isso? Era o que faltava então, era o que faltava agora!  

50 discos: 49. AS IS NOW (2005) - #2 «Paper Smile»


quarta-feira, maio 18, 2016

microleituras

Quem quiser conhecer a forma e o fundo da chamada literatura de cordel tem à mão este livrinho do velho Camilo, objecto de muitas edições ao longo dos tempos desde a edição princeps, sem nome do autor, publicada em 1848 (data que a presente edição nem se dá ao trabalho de informar).
A literatura de cordel, com as suas historietas mirabolantes, os seus relatos de crimes horrendos, fazia as vezes dos jornais tablóides e das estações de televisão, cuja luta entre si, à procura de sangue para a turba das audiências, é pelo menos tão miseranda quanto os crimes nefandos escarrapachados nestes folhetos, vendidos por esse país adentro, nas feiras, nos mercados, nos lugares de ajuntamento, a um público analfabeto que ouvia a leitura em grupo.
A história verídica que nos conta Camilo -- o matricídio de Matilde do Rosário da Luz pela sua filha Maria José -- é um (in)vulgar crime venal que a miséria humana conhece desde que se conhece. O que é giro neste folheto é a técnica espertalhona de Camilo de captar e impressionar o ouvinte do anúncio do conteúdo, no exórdio dirigido AOS PAIS DE FAMÍLIA!, de forma a ficarem logo agarrados ao triste caso, sinal claro de «que o fim do mundo está chegado» -- e abrirem os cordões à bolsa, é claro, que era o que interessava ao futuro autor do Amor de Perdição

o inicio: «Em Lisboa, na travessa das Freiras n.º 17 havia um homem chamado Agostinho José casado com Matilde de Rosário da Luz.»

(também aqui)

50 discos: 45. TUG OF WAR (1982) - #2 «Take It Away»


terça-feira, maio 17, 2016

uma carta de M. Teixeira-Gomes


Dirigida a João Chagas, presidente do Ministério. A República no início, os aderentes, os adesivos, os do contra. 

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sexta-feira, maio 13, 2016

50 discos: 4. LITTLE GIRL BLUE (1958) - #2 «Don't Smoke In Bed»


microleituras

Uma estesia alumiada pelo imaginário transtagano, claridades e planuras do sul que pediam mais rarefacção duma certa mitologia e lugares-comuns correspondentes.










1 poema


NEM SÓ O SUL

Nem só o sul O'Neill nem só o sol
por debaixo da sombra há outras sombras
no interior da casa talvez na cama
sob os lençóis
no desejo reprimido na violência contida
no ancestral orgulho masculino
no grito abafado das mulheres
há outras noites outras sombras outras portas fechadas
outros domínios proibidos
outras coutadas.

(também aqui)

quinta-feira, maio 12, 2016

Instaurada a Republiqueta das Bananas & Jerusalém do golpista Temer

Perguntava-me: depois do golpe quem seria escolhido para ministro dos Negócios Estrangeiros de Temer? O Tiririca? Não, o José Serra. É preciso muita cara de pau para representar no exterior um governo de uma classe política que não se pensava poder existir em 2016, minada pelo descrédito do ridículo e da corrupção.
Ouvi agora o Gregório Duvivier dizer que o novo ministro da Ciência do Brasil é um bispo da iurd, portanto, um criacionista (Adão & Eva, estão a ver?) Os centros de pesquisa vão passar a funcionar junto dos altares e, naturalmente, a caucionar as girândolas de milagres que em cada assembleia o Senhor Jesus vai operar para os crentes.

50 discos: 28. COMES A TIME (1978) - #2 «Comes A Time»


quarta-feira, maio 11, 2016

de António Costa ao marido de Giselle Bundchen, a terminar no tubo digestivo

Depois de ver uma boa parte da entrevista de António Costa, em grande estilo (o que não era difícil, atendendo ao perguntador e ao antecessor dele, Costa, no lugar), passa a emissão para a pivot  do telejornal da sic, que destaca, antes de ir para intervalo, que o livro de receitas do marido de Gisele Bundchen é um sucesso. Ela, ainda sei quem é. Mais ou menos. Ele, pelos vistos é o marido dela, que, eventualmente por sê-lo, tem chamada para depois do intervalo. É isto o jornalismo que nos entra pela casa adentro, pelos ouvidos e olhos adentro -- se virmos bem, pelo tubo digestivo adentro.

50 discos: 2 - BIRTH OF THE COOL (1957) - #2 «Jeru»


terça-feira, maio 10, 2016

criador e criatura


C. C. Beck e Capitão Marvel


segunda-feira, maio 09, 2016

50 discos: 50. WE'LL NEVER TURN BACK (2007) - #2 «Eyes On The Prize»


Querem 'liberdade de escolha'? Paguem-na, que é o que eu faço!

Os meus quatro filhos andaram (um deles ainda anda) em colégios. Nunca me passou pela cabeça que o Estado tivesse de subsidiar esta opção de família, quando aqui não faltam escolas públicas. Em nome de que princípio ético se subsidiam escolas privadas, quando existem estabelecimentos estatais? Querem liberdade de escolha? Paguem-na, que é o que tenho feito ao longo dos anos, privando-me de outras coisas.
Politicamente, a pulhice, a vigarice mostram-se sem pudor aos olhos de todos. Aqueles que passam a vida a encher a boca com a iniciativa privada não se eximem a vir insultar um ministro que faz o que tem de ser feito. O Estado está ao serviço de todos e não patrocina negócios privados. O CDS, depois de despudoradamente ter, através do seu ministro da Esmola, cortado o RSI a inúmeras famílias (o 'subsídio à preguiça', dizia o paspalho do Portas), não tem um pingo de vergonha em vir terçar armas pelos empresários do ensino, em nome da 'liberdade de escolha'. E com a má-fé e a desonestidade intelectual do costume: eles sabem muito bem que em áreas onde o Estado não assegura o ensino público, os contratos com os colégios não estão em causa. Mas como não passam dum bando de mentirosos, aliás contumazes, querem confundir e inculcar o receio na generalidade das pessoas. Isto não é política, é vigarice e terrorismo.

não só a música



Valeria Mignaco & Alfonso Marín, Flow My Tears (John Dowland)

domingo, maio 08, 2016

Clarice Expector

e então, o «Eixo do Mal», que nunca perto resolveu perorar sobre o Aborto Ortográfico, a propósito das declarações de Marcelo, em Moçambique. 
Não me vou debruçar sobre a questão político-diplomática, porque nem sequer é relevante, mas sobre as declarações de Clara Ferreira Alves e Daniel Oliveira, deixando de parte Pedro Marques Lopes e Luís Pedro Nunes, não por menosprezo, mas por considerar que os primeiros têm mais responsabilidades no que à questão respeita.
Antes de mais, convém dizer o óbvio: qualquer pessoa tem o direito (e, em alguns casos, o dever) de defender o que acha o mais apropriado, ou, neste particular, o menor dos males. Deve fazê-lo, porém, com honestidade intelectual e, já agora, tratando-se de pessoas com acesso ao espaço público, com um mínimo de substância. Ou então abster-se de debater assuntos para os quais não estão preparados ou a que não atribuem grande importância, sob pena de transformarem o programa numa coisa abaixo de cão, que foi o que ontem aconteceu.
Clara Ferreira Alves, jornalista e literata. em descabelo, disse enormidades, falsidades, parvoiçadas. Não me dou ao trabalho de descriminá-las, quem quiser que vá ver.  Diga-se, a propósito que a indivídua, não obstante os dislates, se deu ao luxo de pronunciar o P da palavras percepção, que em Portugal (estou a pensar no leitores brasileiros) é uma consoante muda... A senhora, que passa por intelectual -- numa sociedade em que quem consegue juntar duas palavras com sentido, merece esse qualificativo --, sempre foi muito poucochinho. Demonstrou-o mais uma vez neste tema, como também, no bloco seguinte, sobre política de Educação, saindo-se com o último soundbite do CDS e do PSD: Tiago Brandão Rodrigues, o actual ministro da Educação está 'capturado' por Mário Nogueira. As clarices do costume.
Sobre esta senhora já gastei demasiado as teclas, espero não voltar a falar dela, a não ser por boas razões, o que me espantaria.
O caso de Daniel Oliveira já fia mais fino. Não o conheço pessoalmente. Leio-o e oiço-o com atenção, As suas posições são, na maioria dos casos, muito próximas das minhas. Por outro lado, trata-se de uma das pessoas que melhor escreve na imprensa portuguesa. Por isso, foi com bastante irritação, até porque me soou a falso, o modo blasé (se não fosse Daniel Oliveira, escreveria bovino) com que se pronunciou sobre o assunto: é uma questão que o maça...
Numa coisa o acompanho, a única, parece, que sobre este assunto lhe provoca reacção: o 'nacionalismo' analfabeto com que se fala da nossa língua, para concordar com ele que a língua portuguesa é tanto dos portugueses como dos brasileiros, dos angolanos, etc. Mas, sobre este aspecto, escreverei outro post sobre as más razões de se ser contra o Aborto Ortográfico.

AS THE YEARS GO PASSING BY



Piratas, Víquingues e Cavaleiros


Uma imagem do meu filho António para um dos projectos em que está envolvido. 

sábado, maio 07, 2016

não só a música


The Royal Roses, That Devil's Gonna Get Ya

quinta-feira, maio 05, 2016

uma carta de Viana da Mota

Viana da Mota (1869-1948) fora professor de Lopes-Graça (1906-1994) no Conservatório. O tema em apreço é o seuOpus 1, o excelente Variações Sobre um Tema Popular Português (1927). Eloquentíssima carta sobre as dificuldades da edição de partituras.
(ler)

50 discos: 33 - IN THROUG THE OUTDOOR (1979) - #2 «South Bound Saurez»


terça-feira, maio 03, 2016

50 discos: 40. DISCIPLINE (1981) - #2 «Frame By Frame»


do Aborto Ortográfico (mais uma)

Todos os dias a tropeçar nesta porcaria. E, cada vez mais, com erros ortográficos, mesmo segundo os critérios do Aborto. As pessoas estão de tal modo confusas que já não sabem escrever.
A última: documentário sobre Shakespeare, sábado à noite na RTP2. A certa altura aparece na legenda a palavra 'inteletual'. Inteletual, desde quando, porra? E até quando teremos de aturar mais esta cavaquice, sustentada por meia dúzia de académicos que não querem perder a face?
A arrogância satisfeita dos bonzos aliada à ignorância parola, mas cheia de potência, de decisores políticos, com uns pós dos idiotas úteis que acham que romper com o que está é que é progressista... Inteletual, caralho!, li eu e não foi num programa da Teresa Guilherme
(cujo nome, revelou-me a caixa de etiquetas, tem pela primeira vez lugar neste blogue que já não é novo -- e, ainda por cima, ao lado do velho Will. Isto anda cada vez mais inteletual).

50 discos. 44 THE DREAMING (1982) - #2 «There Goes A Tenner»


segunda-feira, maio 02, 2016

Mário de Miranda e Miss Fonseca!

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fomte

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Mário João Carlos do Rosário Brito Miranda (Damão, 1926 - Goa, 2011), reputadíssimo cartoonista indiano, Obrigado, ó Google, que nós por cá não sabíamos de nada. Nos anos oitenta, o único jornal em língua portuguesa que se publicava em Goa, O Heraldo, fechou porque não pôde contar com o governo português de então. Descobrimentos para aqui, navegações para acolá, mas a Índia continua longe, porra.
P.S. - e que tal uma antologia da Miss Fonseca?  



fonte
Sei hoje que ninguém antes de ti / morreu profundamente para mim
Ruy Belo