Uma grande frase em mais um grande texto do coronel Carlos Matos Gomes -- que, recordo, além de oficial comando na Guerra Colonial e historiador do período, é também o romancista que assina as suas obras literárias sob o nome de Carlos Vale Ferraz.
Análise sedutora e fina, à qual, não sendo um especialista, me permito levantar duas objecções: se a minha leitura não foi demasiado apressada (detesto ler no computador), o autor parece não valorizar a permanência contínua de população judaica nos territórios israelo-palestinos desde a segunda destruição do templo de Salomão, em Jerusalém; bem como o impulso do movimento sionista estabelecido por Theodore Herzl, no final do século XIX, aliás inspirado pelo Caso Dreyfus
[-- uma das histórias de perseguição mais abjectas da história do nosso querido continente, em que do lado do supliciado e inocente capitão estiveram Zola (heróico), Octave Mirbeau, Anatole France, entre tantos mais, incluindo o nosso Eça de Queirós, sempre do lado certo; e, do outro lado a bestiaria selvagem protofascista e colaboracionista francesa -- os próprios ou os seus descendentes, em linha directa até ao presente na recauchutada Frente Nacional e outros -- rever, a propósito, o filme do grande Polanski];
outra ausência com que me deparo, apesar da referência ao xiismo e as suas razões, é o papel do sempre pestífero sectarismo religioso, que não devemos varrer para debaixo do tapete. A religião, quando sai da esfera individual, do núcleo familiar e do confinamento dos templos -- e passa para a esfera sóciopolítica, será sempre inimigo a abater, católica, xiita ou o raio que as partam a todas.
Do papel dos aiatolas no derrube do primeiro-ministro patriota Mohamed Mossaddegh, aqueles transformados em joguetes dos americanos, entre os quais circulava um tal Khomeiny -- que bem os gratificou -- agradecimentos à moda de bin Laden.
Como disse esse quase santo que deu pelo nome de Piotr (Pedro) Kropótkin, a única igreja que ilumina é a igreja que arde... -- experiências ensaiadas na Guerra Civil de Espanha -- e com razão, como se viu pelo comportamento da instituição durante o franquismo; e até recentemente, no Chile -- mas aqui devido a essa tendência que por lá teve guarida, a do abuso de menores.
Posto isto, que o governo israelita não passa de uma guarda avançada do imperialismo americano, entra-nos pelos olhos todos os dias -- não muito diferente, de resto, do que protagoniza o judeu-ucraniano de língua russa Zelensky.
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