segunda-feira, dezembro 15, 2025

o que está a acontecer

«Desde Abril do ano anterior que a tropa e os comunistas se aproximavam das fachadas dos prédios, erguiam o membro como animais para urinar, e abandonavam nas paredes um mijo de vivas e morras que se contradiziam e anulavam, logo coberto por cartazes de comícios e greves, fotografias de generais, propaganda de conjuntos rock, cruzes suásticas, ordens de boicote ao governo e convites de retrete, dedos de letras entrelaçadas num namoro que o Outono do tempo desbotava.» António Lobo Antunes, Auto dos Danados (1985)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«Propor-se Aristarco riscar da História Portuguesa os nomes ilustres pela estirpe igualar-se-ia no absurdo a pretender fechar o Panteão Nacional àqueles que fizeram nome e prosápia por si, saídos da massa obscura do povo. Camões, aristocrata dos quatro costados ou fidalgo das dúzias, é sempre o mesmo génio, alto expoente da nacionalidade, acima, muito acima da precária controvérsia da linhagem.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões - Fabuloso*Verdadeiro". Ensaio (1950)