«E, vejam, o meu rico linhar do Paul -- água quanta quer, estrume do cortelho, sacho e mais sacho -- não paga a mantença do cultivador! / Voltou-se tudo; de meu tempo, também, homem de palavra era como se trouxesse sempre consigo um alforge de libras. Ajustava o que queria e levantava o que queria de proprietários e de tendeiros.» Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas (1922)
«Um dia, numa floresta, ao entardecer, quando por sobre as frondes ressoavam as buzinas dos porqueiros, e lentamente na copa alta dos carvalhos se calavam as gralhas, um lenhador, um servo, de surrão de estamenha, que rijamente trabalhara no souto desde o cantar da calhandra, prendeu a machada ao cinto de couro, e, com a sua égua carregada de lenha, recolheu pelos caminhos da aldeia, ao castelo do seu Senhor.» Eça de Queirós, S. Cristóvão (C. 1891/1912)
«-- Tu onde vás a esta hora?! / -- Vou à cata de uma cabra. Você viu-a? / -- Eu não. Olha lá, a tua ama Zefa também anda à procura da cabra? / Àgora! A senhora Zefinha está doente há mais de mês e meio na cama. / -- Isso sei eu; mas havia de jurar que a vi saltar agora o portelo da cortinha do rio! Se não era a Zefa era o demo por ela!» Camilo Castelo Branco, Maria Moisés (1876-77)
«O dinheiro influi bastante no espírito e no resto. Adormece e acorda melhor quem o tem. A espinha dorsal tem outra casta de aprumo. O olfacto fareja essência de violetas em tudo.»
ResponderEliminarCamilo Castelo Branco, "Livro de Consolação" (1879)