Quem me conhece ou costuma passar por aqui sabe que sou profundamente anti-racista e anti-xenófobo, que prezo a dignidade individual como o bem maior que uma comunidade cidadãos deve garantir a todos e cada um dos seus membros; ou de como gosto de evocar uma bisavó brasileira mulata que não tive a sorte de conhecer, originária de Pernambuco, e certamente descendente de escravos africanos.
Em Inglaterra, pelo que sei, a sanha do politicamente correcto é exercida com acutilância e estupidez agravada. Lembro-me do episódio da remoção imbecil dum quadro pré-rafaelita, creio, das paredes dum museu; ou dum inacreditável episódio que me contou um aluno, em que a associação de estudantes da sua universidade recomendou que no halloween ninguém se mascarasse de índio ou cowboy, porque tal teria um significado pejorativo de apropriação cultural... A última foi este episódio que envolve Bernardo Silva e o seu amigo e colega de equipa Benjamin Mendy, com a federação inglesa a fazer o papel de idiota de turno.
Há muito que a liberdade está condicionada pelos censores do politicamente correcto -- expressão que odeiam, pois desmascara-lhes a fachada pretensamente liberal (quando não libertária...), estraga-lhes o disfarce de alegada irreverência. Mas de liberais ou libertários não têm nada; não passam de moralistas, no pior sentido do termo.
Quem me conhece e costuma passar por aqui também sabe da minha impaciência para com a desonestidade, a preguiça intelectual e os comportamentos de manada. É um dos meus traços de carácter, além de um especial prazer em afirmar que o rei vai nu, quando tal se me afigura. Parece-me que a esquerda pensante, por cobardia, comodismo, incapacidade (o costume) deixou-se capturar pelos sacerdotes e sacerdotisas do politicamente correcto, com pulsões autoritárias, claro, e acolitados pelos idiotas úteis, como sempre.
A uma dessas sacerdotisas que se arrogou a faculdade de dizer quem era de esquerda ou não nas páginas de um jornal, deve dizer-se que ser de esquerda é defender a liberdade e a dignidade individuais, com tudo o que isso significa (para bom entendedor...); e que quem tem vocação para policiar os comportamentos alheios e formatar a maneira de pensar, não tem nada de esquerda, de liberal, nem democrata, mas antes vocação para agente de segurança.
E já agora, como me situo à esquerda, pese o meu conservadorismo (que também acarinho), convém dizer que um dos combates dos próximos anos será pela liberdade, simplesmente.
Ma(i)nada!!!
ResponderEliminarDe repente, uma nova civilização, desta vez, não construída, mas imposta...
Abraço!
Outro!
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