Essa que deve ser silenciosa
Como um perfume embriagante e raro,
Doce -- como a tristeza vagarosa,
Alegre -- como o azul do céu mais claro...
Essa que é toda Amor, sendo incerteza,
Toda luz e mistério e graça e alma
-- Forma florida e vaga de Beleza,
Num sorriso divino, e triste e calma...
Essa que eu adivinho e, vaga, ondeia
pela minha emoção, na minha ideia,
No meu Amor, na minha arte e em mim;
Talvez seja -- quem sabe? -- a reflectida
Infinita saudade de outra Vida
Mais perfeita do que esta e de onde eu vim!
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Primavera de Deus / Líricas Portuguesas - III Série
(edição de Cabral do Nascimento)
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