É aceitável exigir que as mulheres usem véus?
Sempre que vejo uma mulher com véu, não posso deixar de pensar que está ali uma pessoa coagida a usá-lo. Todos o sabemos, é escusado os seus defensores virem-nos atirar areia para os olhos. É claro que não nos podemos tornar numa espécie de talibãs invertidos (!) e pôr uma polícia de costumes atrás de cada mulher que apareça a envergar o hijab... Mas a República laica francesa esteve muito bem ao proibir o seu uso nas escolas públicas. O estado democrático não pode ser cúmplice do aviltamento grosseiro do indivíduo quando calha esse mesmo indivíduo pertencer ao sexo feminino.
Não penso que proibir seja um mal em si.Acho que proibir sem mais, sem ouvir, estabelecer diálogo, negociar mudanças é insuficiente e não ajuda talvez quem mais precisa, neste caso as mulheres que usam véu.
ResponderEliminarCertamente, Estrelícia. Só que os interlocutores aqui, infelizmente, não são as mulheres, mas o seus pais, maridos, tios e restante família alargada. Pelo que, se há um sector da população, nacional ou emigrante, oprimida -- porque é disso que se trata -- o estado não deve cruzar os braços e tolerar estes e outros abusos nas suas barbas. Se chegámos aqui, não foi por excesso de tolerância, parece-me, mas simplesmente por alheamento ou indiferença, que se manteve até já não nos ser possível ignorar o que se passava ao nosso lado.
ResponderEliminar"quem tá de fora não racha lenha" que tal uma viagem a tras-os-montes e ver o mulherio de lenço na cabeça enfiando os dedos pra disfarçar a coceira da falta de higiene, calor sofucante e gordura capilar, hem??? a mim tb me parece q estas mulheres sao mto oprimidas
ResponderEliminarLOL
se os males do mundo e da frança estivessem no uso ou não uso do véu ou de um lenço é que era fixe!
Lembro-me de, certo dia no Gerês, estar a uma distância (que eu julgava) segura duma indígena, até uma brisa traiçoeira me agredir violentamente as ventas. Mas para ver mulheres oprimidas nem é preciso sair de Lisboa. Só que eu respondi ao questionário do Sunday Times, que de Trás-os-montes apenas deve ter ouvido falar das mães de Bragança...
ResponderEliminarO meu ponto de vista é este: detesto ver mulheres obrigadas a ocultar o cabelo, a cara, os olhos, as mãos, os pés, o rabo, em nome de princípios como os da autoridade, da religião, da decência -- como detesto tudo o que atente à liberdade individual, desde que não colida com a liberdade de outrém.
Quanto aos males da França e do mundo, enfim, não me atrevo a diagnosticá-los -- mas por acaso até me parece que a França está com dificuldades de que continuaremos a ouvir falar ainda por muito tempo, e de forma pouco apaziguadora, receio.
o que quero dizer é: não me meto a comentar os usos e costumes de outras culturas.
ResponderEliminarprefiro comentar/criticar/defender os da minha cultura
Certo, Mo, as «outras culturas» são tão importantes como a «nossa» cultura. É assim e é desejável. Mas há aqui duas questões: em primeiro lugar, umas e outras não só coabitam, como se interpenetram, na sociedade e na vida, basta existirem casamentos entre duas pessoas de culturas diferentes, o que, outros motivos não houvesse, levaria a encarar determinados problemas já não como problemas dos outros, mas igualmente nossos.
ResponderEliminarPor outro lado, mesmo que não existisse essa natural e saudável miscigenação, haveria outra questão, que é a dos valores universais como a liberdade ou a igual dignidade das pessoas, independentemente dos géneros -- valores que não podem prescrever aqui nem na Arábia Saudita, que não podem, sobretudo, prescrever aqui...