As terras, com o decorrer das horas, ficam empapadas de água, sufocadas de um mistério destemido por um largo intervalo, e as nuvens, como que guiadas por um vento de almas, vêm de casco de rolha à desfilada, juntando-se todas por cima da herdade, manchando-a de negume. Fogem os bichos das encostas, acoitando-se na largura da paisagem; encolhem as aves os bicos nas ramagens. Ao longe, com a névoa da tarde o dia fez-se noite por um espaço de minutos, e um vento leonardo regouga ao rés da terra, uh! uh! uh!, num vaivém preverso, inquietante -- e parece que o vento insulta os homens que estão no monte, reunidos num almoço tranquilo.

Suão
Li o Antunes da Silva, há muitíssimos anos.
ResponderEliminarE relembro que gostei.
Mas já não me lembro muito.
Ele era editado pelos Livros Horizonte, nos últimos anos de vida. Não sei se será fácil encontrá-lo fora dos alfarrabistas, o que é pena.
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