terça-feira, setembro 13, 2005

Antologia Improvável #51 - José Tolentino Mendonça (2)

UMA COISA INOCENTE

Estendi a mão por qualquer coisa inocente
uma pedra, um fio de erva, um milagre
preciso que me digas agora
uma coisa inocente

Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos
não te prepares, não desejes os detalhes
preciso que docemente o vento
o longínquo e o próximo
espalhe o amor que não teme

Não uses palavras
se me segredas
aquilo que no fundo das nossas mentiras
se tornou uma verdade sublime

De Igual para Igual

4 comentários:

  1. Caro Ricardo,

    Descobri o teu blog através do misantropo. Parabéns. Vou ser visita diária e com tempo, que o lugar merece.
    Quando quiseres algo mais light, visita-me :)

    1 abraço e saudades

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  2. Obrigado, caro João Vasco. Também te felicito pelo teu blog de grande fôlego.
    Um cordial abraço

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  3. Vê lá se gostas deste

    Para a Maria

    Hoje não há silêncio, sombra ou medo
    nem sussurros de amantes em segredo.
    Hoje regressas e recordo só a estrada,
    vestida de vermelho a tua pele dourada.

    Podem cair em tom de aviso flores lilazes.
    Mas o jardim, as raparigas, os rapazes,
    acordam, na dobra desse dia,
    a esperança indestrutível da alegria.

    Não sei, em verdade, como despes
    a memória respirando quando as noites...
    Mas sei de nós, os dois surpreendidos
    por haver ainda tanto para dar.

    Apenas nós, entre a Alma e os sentidos.
    E o Amor antes da hora de acabar.

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  4. Gostei muito. Obrigado por mo dares a conhecer.

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