sexta-feira, setembro 20, 2024

tempo de romance - Manuel Ribeiro

«No espaço quadrangular, entre o claustro e a abside, tinham talhado, num período recente de desobstruções, um adorável jardim com os clássicos arruamentos de buxo enquadrando modestos canteiros de rosas e gerânios. Alguns pés de glicínias trepavam resolutamente, enroscando-se nos botaréus e nos muros rugosos ou seguindo a linha sinuosa das arcadas.»  Manuel Ribeiro, A Catedral (1920)

1 comentário:

  1. «Leva que leva, chegou ao teso donde a vista alcançava a folha toda, passante o Paiva. Grosso das enchentes, o rio descia surdo das alturas de Peravelha para estoirar de rópia nos três arcos da ponte nova, assim chamada desde há trezentos anos quando a construíram para vau dos romeiros que se dirigiam da Terra Fria à Senha da Lapa, depois que uma cheia arrastou a ponte de tábuas com uns infelizes que voltavam do santuário. Era o seu sussurro como o da mata a zoar com a ventania, e tão invariável que os ouvidos se esqueciam de ouvi-lo. Pelo corgo de Aris, atufado no solo amarujento a água mal vinha chocalhando. Céu aberto, campina silenciosa, só um cão para as cortinhas da Granja maticava.»
    Aquilino Ribeiro, "Terras do Demo". Romance. (1919)

    ResponderEliminar