sexta-feira, setembro 20, 2024

tempo de novela - Camilo Castelo Branco

«O rapaz tartamudeou, tiritando de medo. / -- Perdeste, ladrão? Vai em cata dela, e, olha lá: se a não trouxeres, não me apareças mais, que te arranco os fígados pela boca. / E deu-lhe dois valentes pontapés à conta. / Este João da Laje era um homem de princípios menos maus, assentados em religião e pátria: havia matado dois franceses doentes nas ambulâncias retardadas, e acreditava que o fantasma era a alma do capitão-mor e não a égua branca do vigário.» Camilo Castelo Branco, Maria Moisés (1876-77)

1 comentário:

  1. « -- Não ta vi comer, mano, lá isso não vi. Mas sei de certa certeza que a chamaste ao fole porque encontrei os ossos à porta.
    -- E reparaste bem que não eram de cabrito, mulher danada?
    -- Cabrito, tu? Ah, ah, quem te dera pastéis de gafanhotos!
    -- Pois enganas-te, que era cabrito, coscuvilheira, lacrau, carocha de altar. Era cabrito que me trouxe meu compadre de Engadi uma espádua. Porque deste parte de mim, sabe-o toda a gente. Querias matrimónio e dei-te com a tampa. Eu não te devia a honra... ou devia...? Hem, dize lá...! Dize lá, também, se fui eu que me meti na tua cama, ou se foste tu que te meteste na minha...? Anda, dize lá se falo verdade ou não falo, coruja das cavernas?»
    Aquilino Ribeiro, "As Três Mulheres de Sansão". Novela.(1932)

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