quarta-feira, setembro 18, 2024

tempo de novela - Branquinho da Fonseca

«Durante este  mês quero estar quieto, parado, preciso de estar o mais parado possível. Acordar todas essas trinta manhãs no meu quarto! Ver durante trinta dias seguidos a mesma rua! Ir ao mesmo café, encontrar as mesmas pessoas!... Se soubessem como é bom! Como dá uma calma interior e como as ideias adquirem continuidade e nitidez!» Branquinho da Fonseca, O Barão (1942)

1 comentário:

  1. «Uma vizinha, mulher muito frescal, embora ruça, que gozava fama de beata, com quem tivera dares e tomares, acusava-o de haver comido lebre ensopada, pecado de imundificacão: "Não comerás de animais de quatro patas que não ruminem, não tenham a unha rachada e o casco em forquilha. A lebre, sendo boa ruminante, não tem a unha fendida".
    -- Eu comi lá lebre ou qual carapuça! -- contestou Hanab. -- Trouxe uma no Pentecostes, sim senhora, porque a cacei de noite e não via bem para lhe tirar a pele, que os serranos do Líbano, vomecês bem sabem, apreciam muito a pele da lebre e de coelho para barretes. Hulda, és capaz de jurar pelas cinzas do teu defunto que me viste comer carne de tal animalejo?»
    Aquilino Ribeiro, "As Três Mulheres de Sansão". Novela.(1932)

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