Nesta guerra cuidadosamente preparada pelos Estados Unidos contra a Rússia tento ouvir, de vez em quando os militares que estão do lado de lá, ou seja do conglomerado CIA-Pentágono, aka Estados Unidos da América. Eles lá têm as suas razões como eu tenho as minhas; no entanto, ao contrário da maior parte dos pobres académicos das RI e do Direito Internacional, que não percebiam nada do que se estava a passar, em 2022, os militares sabiam e sabem-no muito bem.
Foi por isso divertido ouvir, na passada sexta-feira, a propósito da previsível eleição de Trump, o seguinte:
1) De manhã, na Rádio Observador, o general Arnaut Moreira sai-se com esta: não pense Putin que com Trump serão favas contadas, uma vez que o homem é imprevisível, e tanto pode cair para um lado como para o outro.
Fiquei sonhador... Então o Trump não era uma marioneta do Putin, que este fizera eleger?... Em que ficamos?
2) À noite, talvez já na madrugada de Sábado, o general Isidro Morais Pereira, comentando também a possibilidade de novo-velho inquilino na Casa Branca, a partir do ano que vem, defendia que não será nada fácil a Trump inflectir o caminho já percorrido, dado o poder fortíssimo (creio que foi assim que classificou; não juro, mas a ideia é essa) do complexo militar-industrial norte-americano o tornaria muito difícil
Fenece-me o entendimento. Então também o general Isidro aponta o conglomerado militar americano -- que nós, radicais-e-mais-não-sei-o-quê acusamos como principais fautores do belicismo americano -- como um factor importantíssimo na continuação da guerra?...
Quando convém, Trump passa de títere a enfant terrible; já o altruísmo americano, que no fundo no fundo só quer ajudar a Ucrânia a livrar-se do urso russo, e todos os biliões de dólares que generosamente os Estados Unidos dão e emprestam ao país para comprar o seu armamento -- com a aquiescência bovina da União Europeia -- afinal, afinal os americanos são uma cambada de interesseiros, que põem o país a ferro e fogo para salvá-lo dos russos, é claro, mas não devemos esquecer que o interessezinho da indústria de armamento tem de ser levado em conta; e é-o de tal maneira que nem o futuro presidente, o horrível e imprevisível Trump terá força suficiente para domá-los. Ah, pois é...
Suponho, pois, que, de acordo com o nosso general, a saga da emancipação dos ucranianos continuará, mesmo que à custa da Ucrânia e dos ucranianos, sem esquecer os onagros da UE. É sempre bom ouvi-los, de vez em quando.
PS - Ah, e claro!, a Nato avançar para as fronteiras russas com a cia a desestabilizar e a criar "revoluções" no interior, isso é tudo teoria da conspiração, é claro. Afinal, há lá coisa mais bela que a democracy, que o digam os iraquianos, os palestinos e os reféns israelitas.
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