quinta-feira, junho 30, 2016

uma carta de Manuel Laranjeira

Laranjeira por Amadeu de Sousa Cardoso
Carta extraordinária de um espírito brilhante e torturado. Por um lado, pela forma como se expõe a João de Barros na sua assustadora (sabêmo-lo suicida) vulnerabilidade; por outro, no seu agudíssimo conceito sobre a recepção literária e as suas óbvias fragilidades.

(ler)

50 discos: 41. CAVALO DE PAU (1982) - #3 «Como Dois Animais»


quarta-feira, junho 29, 2016

criadores & criatura






Paul Norris, Mort Weisinger e Aquaman



segunda-feira, junho 27, 2016

50 discos: 12. CARAVAN (1968) - #3 «Policeman»


só uma música

Como escolher entre o que tudo bom? Com big band ou em combo, como estes Kansas City 7 (1962), todos integrantes daquela,
Basie tinha dedo(s).
Do próprio Count, «Tally Ho, Mr. Basie»

50 discos: 22. BURNIN' (1973) - #3 «I Shot The Sheriff»


a morte é nossa mãe ao avesso
Rodrigo Tomé

sexta-feira, junho 24, 2016

entretanto, em Atenas e em Praga

Enquanto Atenas exorta a UE a "acordar" e mudar de política, Praga espera que as instituições europeias tenham "aprendido a lição". Parece querer dizer a mesma coisa, mas não é a mesma coisa.
De qualquer modo, nem vão acordar nem extrair nenhuma lição. Vão fazer o que a Alemanha quiser, com a colaboração obediente do PSE, estima-se, até ao próximo exit, questão de tempo.

50 discos: 18: ATÉ AO PESCOÇO (1972) - #3 «O Boi Ascensional»


em estado de choque

Um tipo deita-se a pensar que a União Europeia, bastante ferida embora, tem uma pequena oportunidade de regeneração, em face da curta vitória do Bremain no Reino Unido; e acorda com a reviravolta do Brexit e com o princípio do fim da UE, tal a miríade de acontecimentos a haver, tais as ondas de choque desta decisão histórica. 

A UE ferida de morte (não interessam nada as declarações pias de Donald Tusk); a independência da Escócia, pelo menos, é de novo uma forte possibilidade, como o fim do Reino Unido; uma péssima notícia para Portugal, a começar pelo factor económico, mas que é insignificante em face das implicações políticas e mesmo estratégicas da nova situação.

A Inglaterra era o único país, no actual contexto, que podia contrabalançar o poderio excessivo da Alemanha e dos seus aliados próximos, como a Holanda (a França, como é patente, vive uma crise profunda).

 A UE passará a ser um conglomerado de interesses díspares, polarizado (o desagradável e protofascista Grupo de Visegrad, por exemplo) em torno de zonas de influência, mais do que já estava a ser, uma vez que não acredito nas tristes lideranças que nos conduziram até aqui.

quarta-feira, junho 22, 2016

As respostas de Cristiano Ronaldo

Um grande jogo de Cristiano Ronaldo, boa resposta ao Portugal pequeno e invejoso, mesquinho e frustrado, que se põe às suas cavalitas para sentir-se menos baixo do que é.
Esse Portugal revê-se quotidianamente no tabloidismo informativo, que não é só do o do Correio da Manhã, mas de todos os que andam à babugem da quotidiana miséria humana -- e não são poucos, os órgãos.
Para os que dizem que o CR, sendo atleta e capitão da selecção nacional de futebol, estaria obrigado a um comportamento mais conforme com esse estatuto, e evitar cenas destas eu responderei que talvez sim. A verdade é que quem não se dá ao respeito -- e nem me refiro principalmente ao jornalista, que estava ali a fazer o seu trabalho idiota para telespectadores embrutecidos, mas ao órgão de que ele é assalariado -- (quem não se dá ao respeito) merece que lhe atirem o microfone para o raio que o parta.

50 discos: 19. ARGUS (1972) - #3 «Blowin' Free»


terça-feira, junho 21, 2016

microleituras

Seis composições outonaismeia dúzia de poemetos meus -- o mais antigo de 1985, de 2001 o mais recente--, em torno de temas inevitáveis como a infância e a morte. Esta tornando-se-me menos obsidiante, à medida que se aproxima; aquela, cada vez mais presente, na inversa proporção do tempo que a afasta inexoravelmente.






1 poema:

MUNDO DE AVENTURAS

Uma pequena aldeia na planície arménia
nevoeiro matinal no porto de Dieppe.
O silvar agudo nos cimos dos Cárpatos,
um castelo solitário num lago escocês.

Um junco chinês no mar do Japão,
um trilho de camelos na Rota da Seda.
Um catre vazio no mosteiro da Arrábida
uma via romana na serra do Gerês.

Uma mesa de cozinha e odores de Outono,
um eucaliptal onde brinco com o Avô.
O último número da revista tão esperada,
despojos da infância que se me acabou.

(também aqui)

segunda-feira, junho 20, 2016

50 discos: 5. AMÁLIA RODRIGUES - #3 «Estranha Forma de Vida»


Como se qualifica o jornalismo de esgoto quando é praticado pela imprensa de referência?

Canavilhas desbocou-se. Lamento-lhe o mau gosto dos facebooks e dos twitters, essas insuperáveis demonstrações de tagarelice, voyeurismo e vazio. Mas circunstância de ser deputada e ex-governante, não lhe retira o direito à indignação, diante da incompetência (estou a ser benevolente) do Público, que, em vez de pedir desculpa ao leitores pelo mau trabalho que executou, vem meter os pés pelas mãos, esfarrapadamente. Aliás, as correcções que foram introduzidas a posteriori, (sobre a alegada presença no palco de Jerónimo de Sousa e Catarina Martins), leva-me a concluir que a jornalista, talvez tenha passado por lá, mas é evidente que não fez o seu trabalho. Uma incorrecção destas nem um estagiário curricular cometeria; por isso, todas as conclusões são legítimas. A minha é a de que a senhora enganou o jornal que a emprega e, mais grave, os seus leitores. Se foi por ser incompetente ou por outro motivo qualquer, nem sequer já me interessa. 
É grave? É. Assistimos a isto todos os dias por essa imprensa afora? Assistimos. A imprensa portuguesa tem um historial de lixo? Desde o Palma Cavalão, pelo menos. Continuamos sem estômago para a miséria do jornalismo? Sim. O jornalismo é nauseabundo, os bons profissionais ou estão na prateleira ou estão discretamente nas margens desta pocilga.

50 discos: 3. AHMAD'S BLUES (1958) - #3 «I Wish I Knew»


domingo, junho 19, 2016

uma carta de Cesário Verde

Carta emocionante do enorme e pobre Cesário (1855-1886) sobre um dos seus grandes poemas. Emocionante, porque vê-loouvi-lo falar da sua obra, resgatada por Silva Pinto à dispersão, é, de algum modo, trazê-lo de além-túmulo ao nosso convívio. Bendito Mariano Pina, autor menor, porém influente do universo literário português de oitocentos.

(ler)

sábado, junho 18, 2016

só uma música

É difícil escolher só uma música de Fado (2009), o esplêndido disco de estreia de Carminho. Uma das coisas que mais gosto nela é a tersa fibra de fadista, a entrega, que se percebe muito bem num registo áudio e impressiona e entusiasma quem a ouve de viva voz. E assim, entre várias possibilidades, decido-me por esta «Carta a Lisboa» (letra de Diogo Clemente e música de Ricardo Rocha). 

criador e criatura

fonte
Walt Kelly e Pogo

fonte

quinta-feira, junho 16, 2016

Galo de Barcelos

Ontem, num colóquio sobre literatura e turismo, em conversa amena ao almoço com Ricardo Belo de Morais, disse-lhe que o Pessoa foi transformado no galo de barcelos da nossa literatura, ao que ele responde que já há galos de barcelos-Fernando Pessoa. A realidade ultrapassa, sempre, sempre, a ficção.



terça-feira, junho 14, 2016

50 discos: 13. YES (1969) - #2 «I See You»


terrorismo e crime de ódio -- ou o cansaço que me provocam certos activistas gays

O massacre de Orlando foi um acto terrorista (matança indiscriminada de inocentes) e um crime de ódio (o alvo foi um conjunto de pessoas reunidas num lugar de diversão frequentada especialmente por homossexuais).
Dito isto, não sei por que se há-de enfatizar o crime de ódio sobre ser uma acção terrorista, como já li. Cansa-me ouvir certos activistas gays aos berros. Já sabemos que os mentecaptos execram gays; já os execravam na Síria e no Iraque, quando os lançavam de um prédio abaixo, uma vez detectada ou denunciada a sua orientação sexual. Vociferar contra a homofobia destes macacos é um bocado estúpido, pois eles matam tudo o que lhes aparece à frente: homossexuais, cristãos, muçulmanos xiitas, yazidis. Queimam-nos vivos, enterram-nos vivos. E também matam quem é isso tudo ou nada disso em salas de concertos e locais de diversão e lazer, como em Paris. Ah, e fazem-no todos os dias, não foi só ontem em Orlando.

segunda-feira, junho 13, 2016

50 discos: 30: GERM FREE ADOLESCENTS (1978) - #2 «Obsessed With You»


porque Lisboa sem árvores além de insuportável é uma selvajaria



o m-n (marxismo-nazismo)

Não faço ideia de como pára a polémica desencadeada a propósito da mirabolante raiz marxista do nazismo, desencadeada por José Rodrigues do Santos. Aliás, o debate nem é sério, atendendo ao ponto de partida, é uma boquinha, e não deveria ser-lhe dada especial atenção. Mas, uma vez que o foi, deixa-me escrever uma banalidade, certamente já adiantada por esses media d'aquém e d'além net: o marxismo radica no iluminismo, no racionalismo, na Revolução Francesa; o nazismo, pelo contrário, faz apelo ao irracional, ao esoterismo. Um é universalista e abrangente; o outro é nacionalista e excludente. A natureza de um e de outro não se confundem. 

E é isto. 

50 discos: 14. LIVE AT LEEDS (1970) - #2 «I Can't Explain»


microleituras

Uma lógica semelhante aqui, com texto do mesmo Tronhdheim, e idênticos resultados.

(também aqui)

domingo, junho 12, 2016

caracteres móveis - Valter Hugo Mãe

«O preço do mundo é a família. Quem mais mundo ganha menos gente carrega,»
«Estar longe», Autobiografia Imaginária (JL, 8-VI-2016)

terça-feira, junho 07, 2016

E um beijo dado no ar é um vapor a esmo / A subir para as nuvens descontente.
Afonso Duarte

segunda-feira, junho 06, 2016

50 discos: 22. BURNIN' (1973) - #2 «Hallelujah Time»


???

Tito Faraci & Silvia Ziche, «Mickeynix e a confusão dos gauleses»
Comix #173, Maio de 2016

domingo, junho 05, 2016

só uma música

Este Animal Tracks (1965) tem versões bestiais do blues americano. Aliás, os próprios Animals são lídimos representantes duma segunda vaga de british blues, ao lado daquelas que se fazem notadas na primeira metade da década de sessenta. Versão extraordinária dum tema extraordinário do extraordinário Ray Charles. E extraordinária a versão porque precisa dum cantor da têmpera do Eric Burdon que lhe dê toda a alma que ele reclama. Então ouçam...


quinta-feira, junho 02, 2016

uma carta de Camilo Castelo Branco

Carta cujo destinatário não está identificado, muito divertida, pelos conceitos de autoapreciação de Camilo e pela forma desprendida com que se refere à narrativa publicada no ano anterior.  Publicada pelo António Cabral camiliano e queirosiano de mérito (pertence-lhe a primeira biografia de Eça de Queirós publicada em Portugal, datada de 1916), em Homens e Episódios Inolvidáveis (1947).