segunda-feira, novembro 30, 2015

«Spectre», de Sam Mendes

Quando comecei a ver o 007 no cinema -- com o Roger Moore --, era mais ou menos como assistir a uma còboiada na Guerra Fria: os índios eram os soviéticos. E era giro. Agora, também não deixa de ser interessante. Menos gadgets, mas a dose necessária de Aston Martin, perseguições, pancadaria e um James Bond torturado e com um passado espesso.

o plantador

«O plantador andava ali, pelo campo, enterrado até cima dos joelhos, na terra que é ubérrima e preta. Era bonito vê-lo andar nu, o rosado do corpo a contrastar com a cor dos torrões remexidos, lançando ao longo das leivas aqueles bocados de mulher que levava num braçado.»

António Pedro, Apenas uma Narrativa (1942)

ADAGIO



sábado, novembro 28, 2015

uma espécie de ceptro

«Sabendo que seu garimpo era o único a comportar na sêca um número ilimitado de garimpeiros, o Cel. Germano sorria ìntimamente. Ah, o seu Paraguaçu!... Léguas e léguas de serra que lhe pertenciam por documentos passados em cartório, selados e garantidos por lei, e que estavam guardados dentro daquele canudo de fôllha-deflandres, que era como o seu cetro de rei dos diamantes.»

Herberto Sales, Cascalho (1944)

A CASE OF YOU



em Ravensbrück, 1944

«Há alguns dias, festejámos juntas o meu aniversário. Sobre o bolo, para o qual cada uma trouxe um pouco de miolo pão, amassado com essa espécie de melaço a que chamam compota, vinte e quatro raminhos representavam as velas num cenário de folhas colhidas à pressa durante o trabalho de terraplanagem à beira do pântano, um verdadeiro momento de felicidade!»

Geneviève de Gaulle Anthonioz, A Travessia da Noite (1998)

quinta-feira, novembro 26, 2015

o meu LEFFest (20)

Much Loved / Muito Amadas, de Nabil Ayouch (França e Marrocos, 2015 -- «Selecção oficial -- Fora de competição).
Um excelente filme centrado no universo da prostituição em Marraquexe. Escreveu um crítico algures que Nabil Ayouch olhou o seu país de frente. Olhar de frente, significa desafio (abençoado desafio). Não será de estranhar que a fita esteja proibida. As actrizes (só uma, a explêndida Loubna Abidar, não é amadora) estão soberbas, muito bem dirigidas, melhor filmadas. E depois, não se pode deixar de falar doutro aspecto lateral: a coragem que estas mulheres tiveram em fazer este filme. Com consequências. E escrevi 'aspecto lateral', porque o filme é demasiado bom para permitir qualquer tipo de condescendência, como por vezes sucede. 

quarta-feira, novembro 25, 2015

ter Balzac por aí

«--Donde te vem tanta sabedoria acerca da mulher?
-- Quando me não sobrasse experiência própria, tinha aí Balzac.»

Álvaro do Carvalhal, Os Canibais (póstumo -- 1866)

um outro respirar

António Costa, como político hábil que é, soube combinar a competência técnica e a moderação política com um punhado de actores experimentados e com sinais para todos os lados, esquerda e direita, e também para dentro do PS. Depois do traumático do governo anterior, ninguém ficará assustado.. A competência técnica e/ou a moderação de Mário Centeno, Manuel Caldeira Cabral, Maria Manuel Leitão Marques, Francisca Van Dunem, e Azeredo Lopes, entre outros, junta-se a mesma competência técnica e as provas dadas na governação por Vieira da Silva, Augusto Santos Silva, João Soares (foi um excelente vereador da Cultura, em Lisboa) ou Ana Paula Vitorino.
Depois da negociatas, das aldrabices sortidas, de puro gangsterismo político, que continua (a miséria intelectual do líder do grupo parlamentar do CDS -- "governo politicamente ilegítimo", diz o homem, sem se rir -- e a habitual indigência política do PSD), depois disto é um outro respirar, mesmo com uma situação política e económica terrível.
Una palavra ainda para a force de frappe do PS, as suas armas estratégicas na acção política: Ana Catarina Mendes, como presumível s-g- adjunta, Carlos César, interlocutor com os outros partidos, Pedro Nuno Santos, secretário de estado dos Assuntos Parlamentares e João Galamba, porta-voz do PS, representam, em acção e consistência política, o melhor do melhor que o PS tem, no tempo que aí vem, de luta política acesa, e, já se espera. de guerrilha oportunista dos que perderam a maioria, e o poder, por mais que indecorosamente esperneassem, com o país todo a ver. 

terça-feira, novembro 24, 2015

Três razões para o terrorismo islâmico na Europa: 3. o relativismo cultural

Passaram mais de dez anos sobre os ataques de Madrid e Londres. As prédicas nas mesquitas (mas também nas prisões e em associações ditas culturais) prosseguiram. 
Repito-me: na Europa não pode haver lugar para indivíduos que usam a lei e a democracia para coagir cidadãos e envenenar-lhes as mentes; não pode haver lugar para os que tratam as mulheres como propriedade sua e com inferiores. E muito menos para uma interpretação cobarde do laicismo, como sucede em locais de França, e porventura não só, que leva a episódios ridículos como o da proibição do Presépio em vários municípios, para não se ferirem susceptibilidades...
Chegados a este estádio, a questão põe-se com uma simplicidade infantil e como uma clareza meridiana: não partilham dos valores democráticos e liberais, resistem-lhes, sabotando-os, se forem estrangeiros, borda fora; se forem nacionais, estão fora da lei -- para isso há os tribunais e as prisões.
Isto soa um bocado lepénico, e é pena, mas não nos deixam alternativa. Sejamos intolerantes para com intolerância. Não demos aos nossos inimigos (pois é de inimigos que se trata), a corda com que nos querem enforcar.

AHORA ME DA PENA



segunda-feira, novembro 23, 2015

Três razões para o terrorismo islâmico na Europa: 2 - A rejeição dupla

Nos séculos XVI e XVII, nos tempos das guerras de religião em França, chacinavam-se os opositores. O conflito que opôs católicos a protestantes foi sangrento e prolongado. Como nos dias de hoje, não graças a Deus, mas à Revolução Francesa, tais práticas não são aceites, o país terá de lidar com essa realidade incómoda que é a de ter milhões de muçulmanos, entre os quais uma percentagem -- pequena, em termos relativos; mas de dimensão preocupante, em números absolutos -- que aderiu ou pode potencialmente aderir ao jiadismo.
Não será por acaso que boa parte destes operacionais pertencem ao lumpen  social, são jovens delinquentes, pequenos traficantes. Para além das desestruturações familiares que são um problema em todas as sociedades modernas, independentemente do desemprego que atinge os jovens, acresce a dificuldade suplementar de estes individuos que dão pelos nomes de Mohamed ou de Abdalah rejeitarem a sociedade que os rejeita. São indivíduos desesperados, pasto verde e fresco para o terrorismo. 
A resolução deste problema, se for atacado de frente e já, é para uma ou duas gerações. O laxismo do estado, o oportunismo de muitos políticos locais que cedem às pretensões dos fundamentalistas a troco de votos, vai ter de acabar. A França vai ter, por isso, de optar entre políticas racionais, esclarecidas e corajosas por um lado; ou então escolhe a Frente Nacional, e aí haverá uma reactualização das guerras de religião do século XVI, em que todos sairão derrotados.

Três razões para o terrorismo islâmico na Europa: 1- Quem semeia ventos, colhe tempestades

1. Não seria crível que estados com largos milhões de população urbana e com acesso a todos os instrumentos da modernidade, como o são os do Médio Oriente, assistissem impunemente ao cataclismo que foi levado às suas sociedades organizadas -- a destruição, a morte, o caos --, em nome duma mentira obscena a ocultar a cupidez mais alarve, sem que houvesse reacção olho por olho, dente por dente
Que os radicais islâmicos, com cumplicidades várias, entre as quais sobressaem as de países do Golfo Pérsico, queiram a todo o custo dar-nos, a nós ocidentais, a provar do nosso próprio veneno, é algo sobre o qual não podemos ter ilusões. 
Repito-me. Primeiros responsáveis: o gabinete de criminosos liderado por George W. Bush, o cúmplice nojento Blair. Nem nomeio o palhaço espanhol e o inenarrável português. Semearam os ventos da tempestade que estamos agora a colher. Há outros responsáveis: o déspota Assad, passando agora de ditador a chefe de facção no mosaico sírio e objectivamente nosso aliado. (Os inimigos dos nossos inimigos, nossos amigos (até ver) são). 
É a puta da vidinha. 

domingo, novembro 22, 2015

o meu LEFFest (19)


Amnesia, de Barbet Schroeder (Suíça e França, 2015 -- «Retrospectiva - Barbet Schroeder).
Um belo filme sobre a atitude do indivíduo perante o mal. Marthe Keller, radiosa nos seus setenta anos.

sábado, novembro 21, 2015

THE AFTERNOON a) FOREVER AFTERNOON (TUESDAY?)




inquieta e receosa como asas de melro recém-nascido

«Se a sábia sentença de Hipócrates está certa e tudo está em tudo, neste meu feio corpo também estará, por ventura inquieta e receosa como asas de melro recém-nascido, a divina beleza que talvez apenas no paradoxo de um corpo relaxado se deixe entrever.»

Migue Real, Carta de Sócrates a Alcibíades, Seu Vergonhoso Amante (1987)

quinta-feira, novembro 19, 2015

o menino bonito das sacristias

«No ambiente requintado dos salões lisboetas, a sua linha fidalga recortou-se com mais firmeza e a sua esbelta figura adquiriu novo aprumo, como haste que se expande aos raios dum sol mais quente. A natural afabilidade sem inflexões afectadas, certa distinção de raça timbrando as maneiras graves, a linha sempre correcta e o porte sempre gentil, conquistaram-lhe as simpatias mundanas e obtiveram-lhe êxito completo. Tornou-se o menino bonito das sacristias.»

Manuel Ribeiro, A Catedral (1920)

quarta-feira, novembro 18, 2015

ASTROLOGY PERIOD


o meu LEFFest (18)

Journal d'unne Femme de Chambre, de Benoît Jacquot (França, 2015 - «Selecção oficial -- fora de competição»).

A partir do clássico de Octave Mirbeau -- relato impressivo da vida burguesa entre o II Império e a III República franceses --, a cuja adaptação Léa Seidoux empresta grande momentos, muito bem acompanhado pelo resto do elenco.

AUTUMN SONG



terça-feira, novembro 17, 2015

o meu LEFFest (17)

El Apostata, de Federico Veiroj (Espanha, França e Uruguai, 2015 -- «Em competição»).
Um filme (que põe) bem disposto, sobre um tipo que, no fundo, era um gauche na vida, como o Carlos (sujeito poético) Drummond de Andrade.

BEBOP



segunda-feira, novembro 16, 2015

o meu LEFFest (16)

The Chidhood Of A Leader, de Brady Corbet (Reuino Unido, Hungria e França, 2015 -- «Em competição»).
A sequência é enganadora. Nem a mãe é aquele monstro de cruz na testa, nem a criança é o anjo que parece. Não percebi a tese do filme. se era mostrar que certos meios familiares propiciam o surgimento de criaturas hitlerescas, então não convence.



ANSWER



o meu LEFFest (15)

Nostalghia, de Andrei Tarkovsky (Itália e Rússia, 1983 -- «Soirées Tarkovsky»)
Tarkovsky era um poeta das imagens, tal como o pai, Arseni -- convocado espectralmente para este filme -- fora um poeta das palavras. E é esse lado etéreo e indizível, esse sfumato renascentista que nos fica, passados todos estes anos sobre a realização de Nostalgia. E a máscara de donna  do Renascimento de Domiziana Giordano.

domingo, novembro 15, 2015

FEUERWERKSMUSIK



o meu LEFFest (14)

Jerzy Skolimowski, 11 Minut (Polónia, 2015 -- «Em competição»). O tempo da narrativa, a sua precisão, a atmosfera que transmite a angústia de que algo de terrível irá acontecer, o estupor. Skolimowski é um mestre.

sábado, novembro 14, 2015

o meu LEFFest (13)

Room, de Lenny Abrahamson (Irlanda e Canadá, 2015 -- «Em competição»)
Em condições normais, nunca iria ao cinema ver um filme que nos fala de uma jovem mulher sequestrada, que entretanto foi mãe durante o cativeiro; e muito menos depois de ver o trailer. É demasiado pesado. Mas a verdade é que Abrahamson pega no tema com a contenção necessária, sem cair na tentação de explorar os nossos terrores mais angustiantes. Excelente filme, com óptimos papéis.

Já não tenho palavras

Mais de 140 mortos em Paris nesta altura da madrugada, e a única coisa que tenho a dizer é: caça aos fascistas religiosos! E a única que tenho a aspirar: que não se lhes faça a vontade, cometendo actos de violência para com muçulmanos inocentes, vítimas também eles.

quinta-feira, novembro 12, 2015

o meu LEFFest (12)

Jogo de Damas, de Patrícia Sequeira (Portugal, 2015 -- «Promessas»).
Cinco amigas reunem-se após o velório da sexta, que até aí compusera o grupo, coeso nas suas vivências presentes e passadas. A referência a Os Amigos de Alex é inescapável. A partir de um bom texto de Filipa Leal, desenvolvido com brilho pelas cinco actrizes, todas muito bem, em especial Rita Blanco, cuja máscara, no pouco que acompanho do trabalho dos actores portugueses, é a que mais me impressiona na actualidade.

o meu LEFFest (11)

Journey To The Shore, de Kiyoshi Kurosawa (Japão e França, 2015 -- «Em competição».
Quando, numa tarde, Mizuki, no meio dos afazeres domésticos, olha numa certa direcção da sua sala e vê o marido, este havia morrido no mar havia três anos. Informa a sinopse que há uma tradição japonesa, designada por mitoru, que consiste em zelar e velar pelos moribundos até ao seu passamento. Neste caso, o mitoru não pudera ser cumprido, e o aparecimento desse fantasma vem colmatar a falta que a cultura exige. Trata-se de um filme denso e delicado, muito japonês; e, com isso, senti-me demasiado ocidental para poder aderir como ele certamente mereceria.  

quarta-feira, novembro 11, 2015

o meu LEFFest (10)

Prince Avalanche, de David Gordon Green (EUA, 2013 -- «Retropsectiva - David Gordon Green).
Um excelente e divertido exercício sobre a frustração.

o meu LEFFest (9)

Te Prometo Anarquía de Júlio Hernández Cordón (México, 2015 -- «Em competição»)
Oscila entre o excelente (tudo o que tem que ver com a tribo dos skaters, grandes imagens de cidade) e o banal e cansativo, mesmo num filme que gira em torno de um relacionamento gay, pormenor que está omisso no programa oficial, gostaria de saber porquê.

terça-feira, novembro 10, 2015

arruaceiros, trauliteiros e (já se sabia) trapaceiros

Tenho andado pelo festival de cinema, por isso com pouco tempo para assistir à defenestração política daqueles que até agora governaram contra os portugueses.
Estão possessos, vê-se-lhes nas caras e nos esgares.
Ontem à noite, ainda assisti ao fim do "Prós e Contras", com o conhecido líder parlamentar do CDS (Nuno Magalhães) e um indivíduo alçapremado a vice-presidente do PSD (Miguel Morgado) que se julgava a discutir política com os alunos no pátio da escola.
Por sua vez, o líder parlamentar do PSD (Luís Montenegro) afirmava e repetia a sua repugnância (sic) por António Costa ter decidido usar da palavra hoje e não ontem. 
"Repugnância", note-se o palavreado destes indígenas.  
Hoje, o também conhecido líder do CDS (Paulo Portas, para quem não saiba), repetia o estribilho que ensaiara com os seus lugares-tenentes (em matéria de palavras-de-ordem e agit-prop não ficam a dever nada a ninguém), que se traduz mais ou menos nisto: "se o PS estiver aflito, não nos venham depois pedir ajuda"...
Alguém que da nova maioria parlamentar diga à criatura: "Ninguém quer a tua ajuda, pá! É tóxica. Queremos, no mínimo, ver-te pelas costas, e que uma fronda lá do teu partido te despeje borda fora, tal como fez hoje a maioria dos representantes do povo português."

PS: com excepção de Costa e Portas, nunca escrevera o nome das outras criaturas em mais de dez anos de blogue. Estive para não o fazer, de novo, para não poluir; mas o espectáculo politicamente indecoroso que têm dado justifica dar o nome aos bois.

o meu LEFFest (8)

Loves Her Gun, de Geoff Marslett (EUA, 2015).
O trauma de um assalto persegue a protagonista, de Nova Iorque a Austin, Texas -- em cuja cena cultural o realizador parece ter destaque, pelo que leio do programa (a propósito: quem escreveu a sinopse, deve tê.lo feito de ouvido).
Um filme de baixo orçamento como por cá dificilmente se lograria.

o meu LEFFest (7)

Montanha, de João Salaviza (Portugal e França, 2015 -- «Em competição»).
Alguns bons momentos não redimem este filme dessa mastigação que, de há décadas, algum cinema português nos sujeita. Ou isto ou o kitsch. Ou então o meio termo, que quer ser sério e comercial ao mesmo tempo.
De vez em quando aparecem coisas boas, mas não é o caso.

segunda-feira, novembro 09, 2015

o meu LEFFest (6)

Song One / A Canção de uma Vida, de Kate Barker-Froyland (EUA, 2014 -- «Antestreia»).
Um filme cheio de grande música, porque é a música é nos salva a vida, em vários sentidos.

domingo, novembro 08, 2015

o meu LEFFest (5)

Trois Souvenirs de Ma Jeunesse
, de Arnaud Desplechin (França, 2015 -- «Em competição»)
A adolescência é fodida, parece que faz parte. O filme é talvez um pouco desequilibrado, porque no dédalo das recordações, uma se sobrepõe enormemente às outras; mas a forma dilaceradamente sensível como Desplechin no-la dá é admirável. O mesmo se passa com os actores: o consagrado Mathieu Amalric e os novos Quentin Dolmaire e, sobretudo, a perturbante Lou Roy-Lecollinet

o meu LEFFest (4)

Something Wild / Selvagem e Perigosa, de Jonathan Demme (EUA, 2006 -- «Retrospectiva -- Jonathan Demme»).
Um misto de road movie  e comédia de enganos, com um q.b. de tensão. Ah, e excelentos planos de Nova Iorque, com as fantasmáticas Torres Gémeas -- sabemo-lo agora. Em relação a Melanie Griffith (que, com a banda-sonora, é o que mais interessa no filme), sempre tive, em relação a ela, sentimentos mistos.



o meu LEFFest (3)

Tricheurs / Os Batoteiros, de Barbet Schroeder (França, Alemanha e Portugal, 1984 -- «Retrospectiva -- Barbet Schroeder)
Um filme de 1984 que parece ter sido rodado em 1974. No entanto, com algum interesse (compulsão do jogo e decorrências); filmado em grande parte no Funchal. E que interessante era a Bule Ogier nesse então.

o meu LEFFest (2)


7 Chinese Brothers, de Bob Byington (Estados Unidos, 2015 -- «Em competição»)
Quando fizerem uma adaptação do Recruta Zero ao cinema, com actores de carne e osso, proponho este Jason Schwartzman, esplêndida encarnação do looser total.


sábado, novembro 07, 2015

DRUG DRUG DRUGGY







o meu LEFFest (1)

Mia MadreMMi
Mia Madre, de Nanni Moretti (Itália e França, 2015 -- «Fora de competição - Filme de abertura»)
Como pode a vida prosseguir quando a nossa mãe está a morrer? O filme vai ganhando corpo, densidade e chega ao fim connosco rendidos. E que actores, que actores, que actores.


quinta-feira, novembro 05, 2015

-- Caiu-me a Alma ao meio da rua, / E não a posso ir apanhar!
Mário de Sá-Carneiro

terça-feira, novembro 03, 2015

a criar sustância

«-- Senhora D. Josefina, o seu filho Aparício escolher este lugar para a sua pousada. Quando ele aparece por aqui, acoita-se neste cocuruto de serra e ninguém, nem de longe, cai pensar que Aparício Vieira descansa nestas quatro paredes, criando sustância para as lutas contra o Governo. Deus me livre de que alguém pudesse saber isso. Gosto de Aparício e sei que ele não faz mais do que tem que fazer um sertanejo de vergonha na cara. O Governo é que é tirano.»

José Lins do Rego, Cangaceiros (1953)


segunda-feira, novembro 02, 2015

50 discos: 20. SELLING ENGLAND BY THE POUND (1973) #1 «Dancing With The Moonlit Knight»


da necessidade de um Governo PS-PCP-BE

O PSD e o CDS podem utilizar-se dos sofismas que entendam, podem continuar a tentar enganar as pessoas com balelas analfabetas para amedrontar, métodos em que são useiros e vezeiros. Mas não podem fazer nada quanto à realidade, traduzida na implacável objectividade dos números: a maioria -- claríssima -- dos portugueses quis vê-los pelas costas.
A situação do país é a que é, pouco famosa; a situação internacional, UE incluída, é um pavor. Por isso, um  Governo resultante de um acordo entre os três partidos da esquerda, se o que pretende é não apenas varrer a direita do poder, mas reparar os estragos que essa mesma direita causou ao país, governando contra os portugueses, e recuperar alguma credibilidade internacional -- não, não é a vergonhosa postura acocorada diante dos mercados e da Europa, mas um Governo que se dê ao respeito --, um Governo assim terá, não apenas de estar fortalecido com um programa que tenha por base o acordo que será assinado, como ter o cabedal suficiente para fazer face à artilharia da direita, que, como se está a ver, não hesitará em fazer o que for preciso para regressar ao poder.
Claro que ela só terá força política se lha derem, de bandeja como muitos esperam, a começar pelos idiotas úteis no PS. Parece-me, pois, que será fundamental formar um Governo em que os três partidos estejam comprometidos com a própria governação.

domingo, novembro 01, 2015

c'os diabos!


Um filmaço de Scott Cooper, que põe em equação as teias em que se enredam modos de vida de marginalidades, bebidos no berço, fidelidades de clã, sentimentos identitários, política criminal e crime na política e, acima de tudo, o raio duma complexidade que é inerente ao bicho-homem. Johnny Depp, outro dos meus actores preferidos, é a perfeita encarnação desse claro-escuro que nos assola.