terça-feira, abril 30, 2013

Estimo o amante que geme de felicidade / e desprezo o hipócrita que murmura uma prece.
Omar Khayyam

quinta-feira, abril 25, 2013

XXV de Abril de 1974

A Poesia Está na Rua, Maria Helena Vieira da Silva

quarta-feira, abril 24, 2013

Antologia Improvável - Florbela Espanca

RÚSTICA

Ser a moça mais linda do povoado,
Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,
Ver descer sobre o ninho aconchegado
A benção do Senhor em cada filho.

Um vestido de chita bem lavado,
Cheirando a alfazema e a tomilho...
Com o luar matar a sede ao gado,
Dar às pombas o sol num grão de milho...

Ser pura como a água da cisterna,
Ter confiança numa vida eterna
Quando descer à «terra da verdade»...

Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!
Dou por elas meu trono de Princesa,
E todos os meus Reinos de Ansiedade.

O Vale do Riff - The Go! Team, «Buy Nothing Today»


terça-feira, abril 23, 2013

teorias da conspiração

Embora o que temos vindo a saber sobre os irmãos, em especial o mais velho, pelos depoimentos de familiares, cole pouco com esta versão (via 5Dias), a verdade é que ela levanta algumas questões, plausíveis, atendendo ao perfil criminal do armamentismo norte-americano. Não opino, deixo no ar, com esta excepção: Obama, um humanista, não tem, obviamente, nada que ver com isto; quem pretender insinuar o contrário, não passa dum imbecil.

Q


domingo, abril 21, 2013

A cara feia da guerra.


A guerra rasura todos os sentimentos, a começar pelo da compaixão. Expressão literária de experiência limite nas trincheiras da Flandres, de raiz autobiográfica, não admira o auto-de-fé que o nazismo lhe destinou. Por detrás da cara feia da guerra está o rosto sujo de quem a promove e provoca. No meio deste esgoto, apenas a flor da camaradagem.

Erich Maria Remarque, A Oeste Nada de Novo [1929], trad. Mário C. Pires, Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d.

sexta-feira, abril 19, 2013

Loucura é colocar em outra vida / a esperança que perdida mesmo nesta / só nesta e não noutra pôde pôr-se 
Ruy Belo

terça-feira, abril 16, 2013

a propósito do Prós e Contras de ontem

Faço lá ideia se devemos sair do Euro ou nele ficar, nesta União Europeia tràgicamente em pré-coma! A estratégia parece ser: esperar pelas eleições alemãs. Mas não sei se com os estragos que a Alemanha, em conluio com holandas e finlândias -- e em conluio com a fraqueza dos governos do Sul da Europa (Portugal, França e Grécia; Espanha tem sido outra coisa, até quando?...; a Itália, desgovernada, até quando?...) -- conluios da arrogância com a incompetência -- não sei quanto custará politicamente, à Alemanha e aos restantes países da União, restaurar a confiança neste projecto único.
Entretanto, no «Prós e Contras» de ontem pareceu-me que os campos estiveram claramente em extrema oposição. Assim deve ser, a benefício da clareza, mas sem maniqueísmos. Ideologia nos dois lados, mas objectividade apenas num; no outro (e espero não estar eu agora a sacrificar a Mani...), a cegueira ou -- sendo menos benigno -- a preocupação com a bolsa, própria & dos amigos.

entretanto, ainda há quem diga mal dos alemães...

O Círculo de Leitores publica, pela primeira vez, as obras completas  do Padre António Vieira, ricamente patrocinada (supõe-se e é certo) pela Santa Casa da Misericódia de Lisboa, com Pedro Santana Lopes (a merecer saudação e reconhecimento), substituindo-se, Santa Casa e a chancela do Grupo Bertelsmann, à Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

...e, já agora, também Nuno Camarneiro:

«Entre um Tom Waits rouco e um Sinatra de voz perfeita, prefiro o Tom Waits».

(entrevista na «actual» de último Expresso)

a propósito do post de ontem (Richard Thompson), com ressalva minha a propósito do longo percurso de Frank Sinatra, nem sempre uma contrafacção de si próprio.


segunda-feira, abril 15, 2013

Richard Thompson dixit

«Perfection is a false goal. The perfect record is the one with faults.»

«We looked at what David Bowie was doing, or what proto-progressive like The Nice -- who we used to go and see at The Marquee -- were doing and we thought, "This is more radical". [...] With Fairport [Convention] we were reconnecting with the roots of British music, and that, to us, was as radical as John Cage!»

(entrevista  Prog # 34, Março de 2013).

segunda-feira, abril 08, 2013

Margaret Thatcher e eu

1979, não é? Não sei porquê, a primeira vez que me recordo do seu nome, provavelmente na sequência da sua vitória eleitoral, estava com o meu pai perto da Cidabela, pastelaria próxima da estação de combóios de Cascais. A última: num hotel, em Londres, recém-casado, a propósito da enorme oposição à "poll tax", que grassava por todo o país.
No intervalo: a sua luta contra os poderosos sindicatos britânicos, filhadaputamente torpedeados pelo regime "socialista" polaco; o impressionante atentado do IRA numa convenção dos tories; a greve da fome de Bobby Sands e de outros presos políticos irlandeses, e a sua ignominiosa intransigência; a Guerra das Malvinas-Falkland (nunca ouvira falar das Malvinas... aliás, quando ouvi a notícia na televisão percebi que a Argentina invadira as Maldivas... "As Maldivas? -- embasbaquei -- mas como raio vai a Argentina invadir umas ilhas no subcontinente indiano?!..."). É claro que, nesta questão, Thatcher esteve, obviamente, do lado certo ("o povo é quem mais ordena", não é verdade?). Depois há o thatcherismo, o pobre Dennis, alvo do anedotário doméstico, um filho parece que pouco recomendável, e é o que tenho a dizer sobre. Não me deu para ir ver o filme, não sou grande adepto de biopics de gente viva.

mostrar músculo à Alemanha (para benefício da própria Alemanha)

Sustenta-se, a propósito da II Guerra Mundial, que a fraqueza das lideranças francesa e inglesa, que se revelou logo a partir do rearmamento alemão, ainda na primeira metadeda década de 1930, contribuiu grandemente para a escalada bélica de Hitler, com os conhecidos sucessos decorrentes. Estamos, evidentemente, no domínio da especulação contrafactual, mas parece não haver grandes dúvidas quanto aos malefícios da tibieza anglo-francesa.

Na situação actual, por enquanto ainda muito longe dos transes de então, sinto desenhar-se um fenómeno idêntico: hegemonia bélico-monetarista alemã; inaudita fraqueza francesa; aparente alheamento inglês (não sei se o périplo que Cameron está a fazer por capitais europeias sinalizarão o contrário, espero que sim...).

O que me parece é que se tudo correr mal -- e os ingredientes para que tudo corra mal estão aí --, se a UE se desagregar, os historiadores & comentadores do futuro não deixarão de assinalar a fraqueza da Europa (em particular da Europa Mediterrânica), a clamorosa estupidez e cobardia das lideranças que a ela lhe coube.

Os próximos meses serão decisivos.

quinta-feira, abril 04, 2013

Fred

foto daqui
Pelo Blogue do Pedro Cleto, soube da morte de Fred, um dos grandes autores europeus de BD, criador de uma das mais poéticas séries de quadradinhos, «Philémon». Conhecedor supercial do seu trabalho -- tenho meia dúzia de livros --, adoro-lhe o traço, facilmente reconhecível, e a poesia que paira pelas narrativas que criou. Além de Philémon, conheço alguns álbuns one shot por cá editados, como A História do Corvo de Ténis (Meribérica) e a deliciosa adaptação do Diário  de Jules Renard, a que apetece sempre voltar.

quarta-feira, abril 03, 2013

segunda-feira, abril 01, 2013

acordes nocturnos


estampa CLXVIII

Giovanni Bellini,  A Virgem e o Menino com Santa Catarina e Maria Madalena (1490-1500)
Galeria da Academia, Veneza