sábado, julho 31, 2010

Elvis Costello no Parque Marechal Carmona

O Elvis Costello é um dos grandes autores de canções das últimas décadas. É um lugar-comum, mas nem por isso menos verdadeiro. É óptimo ouvi-lo com o Burt Bacharach ou com o Brodsky Quartet. Com os Sugarcanes veio com um registo mais hillbilly. Interessante, mas eu prefiro o Elvis eléctrico, tal como sucedeu no grande momento da noite, com «I Want You». Ele lá fez o frete de cantar o «She» (prefiro-o pelo Charles Aznavour). Dois momentos curiosos: intercalando um tema excelente, para mim desconhecido, Elvis tocou o «You've Got To Hide Your Love Away», dos Beatles; a última da noite, e do segundo encore, o «Rocks Off», dos Rolling Stones. Não esperava.
O Parque Marcehal Carmona foi uma estreia para mim, enquanto recinto de espectáculos; apesar dos pavões, que não se ouviram, ainda prefiro o Parque Palmela. Houve gelados grátis, oferta da EDP.






sexta-feira, julho 30, 2010

caracteres móveis

quanto mais se minam as bases da moral estabelecida, ou melhor, da hipocrisia que nela se afirma, mais se eleva o nível moral da sociedade. Piotr Kropótkin
A Moral Anarquista (tradução de José Luís de Sousa Pérez)

O Vale do Riff - Peter Gabriel, «Come Talk To Me»

passeatas de blogger

Batman, Robin e The Twists... ou melhor The Beatles num Comic da DC
Petits bonheurs
Ventoinha
Casa do Passal - Cabanas de Viriato / Carregal do Sal

quarta-feira, julho 28, 2010

Deus cria as almas aos pares
João de Deus

domingo, julho 25, 2010

sábado, julho 24, 2010

Roxy Music no Palácio do Marquês de Pombal, um registo

foto
Um reencontro com os Roxy Music. Vi-os há 28 /29 anos, no estádio do Belenenses, depois dos King Crimson (Robert Fripp, Adran Belew, Bill Bruford, Tony Levin).
A mesma formação principal: Brian Ferry (voz e harmónica), Phil Manzanera (guitarra) e Andy MacCay(saxes tenor e soprano). Ferry aguenta-se bem, apesar dos anos; tudo está feito para proteger-lhe a voz; Manzanera e McCay em grande forma.
A música foi a esperada, sem novidades, que não eram esperadas: De «Do the Strand» a «My Only Love».
Boa ideia o aproveitamento dos jardins do Marquês (glam rock, não é?), apesar de algumas insuficiencias.
Houve Mokambo a borla. Foi bom.
Em tempo: uma palavra para os musicos de apoio, em especial, a electrica violinista Anna Phoebe, com colaborações com outras bandas, com destaque para os Jethro Tull, e dois discos a solo.

sexta-feira, julho 23, 2010

Antologia Improvável #443 - Caetano da Costa Alegre

LONGE
(No dia dos meus anos)

Por pátria tenho o mar, como o corsário,
O meu primeiro pranto de inocência
Abafou-mo das águas a cadência,
Em concerto febril, extraordinário.

Poucos anos me tecem a existência,
Ou antes o tristíssimo sudário,
E já comparo a morte à Providência,
E a vida à erma noite do calvário.

Ainda em pleno abril não tenho sonhos
De amor, ou se os possuo, são medonhos
Pesadelos no sono e na vigília.

Á! que diga o exilado, o forasteiro,
Se pode ser o riso companheiro
De quem vive tão longe da família!...


Versos / No Reino de Caliban II
(edição de Manuel Ferreira)

O Vale do Riff - Transatlantic, «We All Need Some Light»

quinta-feira, julho 22, 2010

figuras de estilo

Vivemos em tempo de exegetas. Explicar a criação (o criado) tornou-se tão importante (ou mais) do que a própria criação. Nunca o aparato crítico-exegético se viu tão bem apetrechado e com gente tão dotada como hoje. Diríamos, até, que nos mais felizes dos casos, a exegese é, só por si, uma verdadeira obra de arte. Talvez por isso eu venha, de há anos a esta parte, «rodeando» Joyce, através das admiráveis exegeses que lhe têm sido dedicadas, sem coragem para meter o dente a fundo na obra propriamente dita. Ao mesmo tempo, detém-nos um certo medo de, não conhecendo a coisa criada, mas só a exegese dela, acabarmos um dia, travando conhecimento com a criação original, por rejeitarmos esta ou rechaçarmos a crítica recriação que dela conhecíamos, ou até as duas. Alexandre O'Neill
Coração Acordeão (edição de Vasco Rosa)

O Vale do Riff - Robert Wyatt, Carla Bley (& Nick Mason), «I'm A Mineralist»

passeatas de blogger

Concentração de apelo ao respeito dos Direitos Humanos pela Guiné Equatorial e pela CPLP
Maestros #53: Charles Mackerras (1925-2010
Ruins
Cidade

quarta-feira, julho 21, 2010

o país real enoja-me, mas extremamente

Hoje de manhã, a caminho da praia, meto gasóleo. A minha mulher chega-me com o Jornal de Notícias, inteiramente grátes. O Jornal de Notícias, que é o melhor jornal do país, porque é o único a publicar as crónicas do Manuel António Pina, é também um dos piores jornais do país, um diário tristonho com primeiras-páginas de sensação.
A manchete do JN tratava, em duas ou três página, dos crimes cometidos por um saloio anormal, lá para os lados da Praia de Santa Cruz. É uma merda destas que o JN tem para parangonear ao país -- apesar de outro tema, esse sim, relevante e preocupante, como o é o da erosão costeira figurar na primeira página, e muito bem.
É evidente que o bom do cidadão está-se a cagar para a erosão costeira, excepto quando ela lhe bata à porta ou a porcaria dos telejornais tragam imagens de homenzinhos a chorar as suas casinhas clandestinas que o mar entretanto ameaça devorar. Aí, sim, o bom do cidadão interessa-se.
Oito da noite, começo a fazer zapping, aparece-me o jornal da TVI a abrir com o anormal saloio de Torres Vedras. Cheio de nojo, menos do parolo que dos directores de informação, fui-me lavar do sal da praia.

porque sim

Hafsia Herzi

O Vale do Riff - Bob Dylan & Johnny Cash, «One Too Many Mornings»

terça-feira, julho 20, 2010

caderninho

Que coisa mais absurda o Progresso, pois o homem, como se prova pelos factos diários, continua semelhante e igual ao homem, isto é, no estado selvagem. O que são os perigos da floresta e da pradaria ao pé dos choques e dos conflitos quotidianos da civilização? Quer o homem enlace a sua vítima no bulevar ou perfure a sua presa nas florestas deconhecidas, não é o homem eterno, isto é, o animal de rapina mais perfeito? Charles Baudelaire
Fogachos (tradução de João Costa)

O Vale do Riff - Animal Collective, «My Girls»

segunda-feira, julho 19, 2010

Antologia Improvável #442 - Lyster Franco

NUVEM VERMELHA

Vermelho sangue! Vermelho cristas de galo! Tenho os olhos a doerem-me de tanto vermelho lágrimas!
Eco de granadas que rebentam em leques brancos!
Visão de metralhadoras que cantam sem cessar hinos de luto!
Trincheiras que desabam afogando gente! Aviões que vomitam morte! Obuzes que incendeiam o ar de asfixias e canhões que cortam os ecos com os estrondos!
E o 47 da 1.ª companhia a escrever à mulher quase a morrer de ausência!
E o 22, que foi promovido a sargento! E oito que ficaram esfacelados! Cortou-os em pedaços um tiroteio inimigo. Voaram corpos em farrapos de carne feitos borboletas!
Tenho no rosto a expressão daqueles rostos sem expressão e ouço os canhões cantando vermelho!

Porto 7 -- 1917

Poesia Futurista Portuguesa (Faro -- 1916-1917)
(edição de Nuno Júdice)

passeatas de blogger

O Vale do Riff - Annie Ross, «One Meat Ball»

sábado, julho 17, 2010

figuras de estilo

Noutro número das Farpas, lembrámos, a respeito das colónias, este grande melhoramento -- vendê-las! Ocorre-nos outro ainda maior a respeito da Índia -- dá-la! Eça de Queiros
Uma Campanha Alegre

mais acordes nocturnos

acordes nocturnos

sexta-feira, julho 16, 2010

terça-feira, julho 13, 2010

caderninho

Morte -- medida sem tempo, tempo sem medida. Morte do próprio tempo. Marcello Duarte Mathias
O Destino Velado

O Vale do Riff - Taj Mahal, «Fishing Blues»

acordes diurnos

domingo, julho 11, 2010

acordes diurnos

Antologia Improvável #441 - José Carlos Ary dos Santos (4)

DESESPERO

Não eram meus os olhos que te olharam
nem este corpo exausto que despi
nem os lábios sedentos que pousaram
no mais secreto do que existe em ti.

Não eram meus os dedos que tocaram
tua falsa beleza em que não vi
mais que os vícios que um dia me geraram
e me perseguem desde que nasci.

Não fui eu que te quis. E não sou eu
que hoje te embalo e canto e gero
possesso desta raiva que me deu
a grande solidão que te espero.

E a sombra da mágoa que te vejo
e a sombra do ódio e que te quero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E a seiva que te dou o desespero.

As Palavras das Cantigas
(edição de Ruben de Carvalho)

sábado, julho 10, 2010

passeatas de blogger

Momento zen de segunda; história do sr. mar; Solidão; Pax; Poema negro.

figuras de estilo

O pequeno recordava também, com frequência a sua frase ingénua de infância: «-- Porque há terras alumiadas e a nossa não? À noite, Deus não nos vê!» José Marmelo e Silva
Adolescente Agrilhoado

acordes diurnos

quinta-feira, julho 08, 2010

caderninho

O capitalista deve anunciar: a sociedade sou eu. A moral são os meus gostos e as minhas paixões. A lei é o meu interesse. Paul Lafargue
A Religião do Capital (tradução de J. Mega)

tenho de comprar a Playboy deste mês

A rapaziada da Playboy Entertainment é praticante e toda temente a deus nosso senhor.
Parece que a edição nacional vai fechar, por causa desta capa estilo sacristia-kitsch.
Só por causa disso, vou já a correr comprar.
Adenda: vi fotos num telejornal. São de tal ordem, que não sei se terei corage. Apesar de tudo, ainda ha qualquer coisa do Julião Sarmento. Talvez justifique.

O Vale do Riff - Fairport Convention, «Matty Groves»

a frase do dia

É do economista Paulo Trigo Pereira, do ISEG: Mercado livre? Existe no pão, no leite, nos alfinetes...

acordes diurnos

quarta-feira, julho 07, 2010

Antologia Improvável #440 - Fernando Assis Pacheco (5)

MEMÓRIAS DO CONTENCIOSO

Io non fu' d'amar voi lassato un quanco
PETRARCA

E sequem-se-me os dedos a cabeça
estoire e não fique de tudo uma palavra
se a maldição for tanta que eu te esqueça

e não reste sequer o chão e não de quantas e
não já reste a cidade


e seja a memória deste homem um escárnio ocultado por quinze gerações de vindouros
com seus cães que se deitam aos pés das pessoas e parecem adivinhar a linguagem monstruosa
das narinas resfolegando

se a maldição for tanta e tão perfídia
que eu te esqueça na morte, que eu te esqueça

Memórias do Contencioso / A Musa Irregular

JornaL - Novas oportunidades, a língua portuguesa, Cavaco e Gaston Lagaffe

Olha, parece que as «Novas Oportunidades» têm algum valor e são minimamente exigentes... Já me constara, mas depois de ler o Público , parece-me que foi uma boa malha do Governo. Se contribuir para resgatar do analfabetismo funcional largos milhares dos milhões que foram legados ao país pelo salazarismo, será excelente.
Seria mais interessante debatermos isto, explorando inclusivamente as fragilidades do sistema para aperfeiçoá-lo. O que será impossível, quando a maioria dos jornalistas é indigente, a começar pela generalidade dos directores de jornais.
Segundo o mesmo jornal, Cavaco terá puxado as orelhas a Luís Amado (nunca as mãos lhe doam), porque não há meios para uma política da língua, etecetera e tal. Eu lembro-me de O Heraldo (um jornal histórico de Goa, o único que se publicava em português há cerca de vinte anos) ter fechado as portas quando o actual presidente era primeiro-ministro, porque, em tempo de vacas gordas, o governo portugês não dispôs duns patacos para que O Heraldo continuasse.
Hoje saiu o 1.º Gaston, co-edição Asa-Público. Quem desconheça, não o deixe escapar.

acordes diurnos

O Vale do Riff - Ayreon, «Valley Of The Queens»

terça-feira, julho 06, 2010

figuras de estilo

Este é o melhor foro e o maior privilégio da morte. O golpe que decepa a vida do homem, decepa com ela igualmente todos os rancores e todos os ódios que ele mereceu e suscitou. Arnaldo Gama
O Balio de Leça

acordes diurnos

O Vale do Riff - Kate Bush, «The Saxophone Song»

domingo, julho 04, 2010

caderninho

ACORDEÃO, n. Instrumento que está em harmonia com os sentimentos de um assassino. Ambrose Bierce
Dicionário do Diabo (tradução de Rui Lopes)

sábado, julho 03, 2010

oh!, os quadradinhos

Na verdade, se eu pareço com alguém / É o Popeye, the sailorman (Vinicius de Moraes)

sexta-feira, julho 02, 2010

quinta-feira, julho 01, 2010

Antologia Improvável #439 - Arlindo Barbeitos

oh monstro enorme
fecha nossa boca
o nosso ventre falará
abre o nosso ventre
o nosso cu falará
rebenta o nosso cu
os nossos dedos falarão
corta os nossos dedos
os nossos ossos falarão


No Reino de Caliban - II
(edição de Manuel Ferreira)

passeatas de blogger

Wonder Woman!;

acordes diurnos