domingo, setembro 30, 2007

Antologia Improvável #256 - Eugénio de Castro (3)

PELAS LANDES, À NOITE

Pelas landes e pelas dunas
Andam os magros como pregos,
Os lobos magros como pregos,
Pelas landes e pelas dunas.

Olhos de fósforo, esfaimados,
Numa pavorosa alcateia,
Andam, andam buscando ceia,
Olhos de fósforo, esfaimados.

Nas landes grandes, junto às dunas,
Um menino perdido anda,
Anda perdido, a chorar anda,
Nas landes, junto às brunas dunas.

Senhor Deus de Misericórdia,
Protegei o róseo menino,
Protegei o róseo menino,
Senhor Deus de Misericórdia.

Porque nas landes e nas dunas
Andam os magros como pregos,
Os lobos magros como pregos,
Nas grandes landes e nas dunas.


Poesia da Noite
(ediçãop de Urbano Tavares Rodrigues)

esta semana n'O Vale do Riff






sábado, setembro 29, 2007

estampa CXX

Henri de Toulouse-Lautrec, Divan Japonais
Colecção particular, algures

Figuras de estilo - Miguel Real

[...] Félix de Sousa pagava fortunas aos fradinhos de São Coscurão, o Mandrião, o primeiro escravo alforriado a tornar-se santo, para que mantivessem um eremitério na praia de Ajudá, estes iam e vinham entre São Paulo de Luanda, São Tomé e os entrepostos da Costa dos Escravos, baptizando pretos por atacado, faziam o sinal da cruz e rezavam um pai nosso em latim, os escravos iam-se enfileirando, a cada um o frade soletrava-lhe o nome cristão, tu chamas-te Pedro, como o primeiro apóstolo, tu passas a chamar-te Tiago, irmão do Senhor, tu Madalena, a senhora do Senhor, mim Mimba, reclamava um dos escravos, não és, já foste, agora és João, o amigo do Senhor, mim ser Mimba, rerreclamava o escravo, e o feitor, ao lado do frade de São Coscurão, espetava-lhe um murro entre os olhos, és João e mais nada, e continuava, João, ouviste?, nada de Mimbas e Pimbas, o preto-língua calmava o capataz, que já alçara a botarra para desferir uma pontapezada entre as costelas do João, este anuía, mim ser Joau, o língua rectificava, não Joau, João, certo é João [...]

O Último Negreiro
(foto: Nuno Fox)

acordes diurnos


sexta-feira, setembro 28, 2007

dos deveres dum blogue preguiçoso

Não me apetece falar do grande Santana (mas que bem feito!), nem duma ridícula criatura minha homónima.
Não me apetece falar dos Police no Estádio Nacional (gostei mais dos Fiction Plane...), nem do revivalismo cretino dos meus coetâneos.
Não me apetece falar dos dias da Birmânia. Mas devia.

O Vale do Riff - Anita O'Day, «Sweet Georgia Brown»


quinta-feira, setembro 27, 2007

Antologia Improvável #255 - Eugénio de Andrade (3)

CONSELHO

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


Os Amantes sem Dinheiro

O Vale do Riff - Billy Eckstine, «Lonesome Lover Blues»

quarta-feira, setembro 26, 2007

Figuras de estilo - Marcello Duarte Mathias

O que mais me assusta na morte é a grande morte depois dela, essa imensidão de vazio a encher o nada.
O Destino Velado

O Vale do Riff - Annie Lennox, David Bowie & Queen, «Under Pressure»

terça-feira, setembro 25, 2007

porque sim (as minhas mulheres)

Charlotte Rampling

O Vale do Riff - Phil Collins, «In The Air Tonight»

Antologia Improvável #254 - Manuel Bandeira

RENÚNCIA

Chora de manso e no íntimo... Procura
curtir em queixa o mal que te crucia:
o mundo é sem piedade e até riria
da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
e será, ela só, tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e d'alma sobranceira,
sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira,
e pede humildemente a Deus que a faça
tua doce e constante companheira...


Poesias

domingo, setembro 23, 2007

sábado, setembro 22, 2007

Caracteres móveis - Octave Mirbeau

Um dia, na confissão, a senhora explicou o seu caso ao cura e perguntou-lhe se poderia fazer batota com o marido...
--Que entende por fazer batota, minha filha? -- indagou o cura.
--Não sei ao certo, meu padre -- respondeu a senhora, embaraçada. -- Certas carícias...
--Certas carícias!... Mas, minha filha, não ignora que... certas carícias... isso é um pecado mortal!...
--Exactamente por esse motivo, meu padre, é que solicito a autorização da Igreja...
--Claro, claro!... Mas enfim, vejamos... certas carícias... Muitas vezes?...
--O meu marido é um homem robusto... muito saudável...... Duas vezes por semana, talvez...
--Duas vezes por semana?... É muito... é demasiado... é uma devassidão!... Por muito robusto que seja um homem, não necessita duas vezes por semana de... de... de certas carícias...
Ficou alguns segundos perplexo e depois concluiu:
--Bem, seja... Autorizo-a a entregar-se a... certas carícias duas vezes por semana... mas com a condição... primo, de não tirar disso nenhum prazer censurável...
--Oh, juro-lhe meu padre!...
--Secundo, terá de dar, todos os anos, duzentos francos para o altar da Santíssima Virgem...


Diário de uma Criada de Quarto
(tradução de Adelino dos Santos Rodrigues)

sexta-feira, setembro 21, 2007

acordes nocturnos


capismo

Alfredo Morais, capa de
Paixão de Maria do Céu, de Carlos Malheiro Dias
Portugal-Brasil Sociedade Editora, Lisboa, s. d.
quanto maiores as pegadas / mais invisível és
paulo da costa

O Vale do Riff - Leonard Cohen, «Suzanne»

quinta-feira, setembro 20, 2007

Antologia Improvável #253 - Martins Fontes (3)

GOYESCA

III FANTASTIQUE. GRANADOS.

Eu, para o encontro daquela noite,
Vesti-me todo de sedas roxas...
E, ao enjoiar-me, só de ametistas,
A opa violácia flori de opúncias...

Lilás e goivos e heliotrópios
Embalsamavam-me... E havia, em tudo,
A frigidice da cera-virgem,
Do almíscar fofo, do incenso velho...

Apaguei, uma por uma, as luzes...
Deitei-me, à espera da minha amada...
E, há meia-noite, precisamente,
Ela, de leve, bateu-me à porta...

Vinha gelada... Beijou-me a boca...
Ungiu-me os olhos... Cerrou-me os lábios...
As mãos cruzou-me... Compôs-me o rosto...
E, para sempre, dormimos juntos...


A Flauta Encantada / Poesias Completas

O Vale do Riff - Django Reinhardt & Stephane Grappelli, «I Will Wait»

quarta-feira, setembro 19, 2007

3 Mestres

Ferreira de Castro, António Sérgio e Aquilino Ribeiro
à porta da Livraria Bertrand, Agosto de 1941

Quando dois espíritos se encontram




Chego atrasado. Ruy de Carvalho (haverá actor maior?) lê passagens de O Malhadinhas. A acústica não ajuda. É pena.
António Valdemar, Jaime Gama e Cavaco Silva fazem os discursos de circunstância. E fazem-no bem. O de Cavaco revela até algum conhecimento de problemática aquiliniana. Teria graça que a alocução fosse de sua lavra. Já não seria mau -- e porque não pensá-lo? -- a ocorrência de anotações do seu punho apostas ao «borrão» de assesoria...
O Estado em peso e o peso do Estado: os altos dignitários, presidentes dos Tribunais todos, Sampaio, ex-presidente, Sócrates + 4 ministros: cumpre nomeá-los: Isabel Pires de Lima, Augusto Santos Silva (presenças naturais), Teixeira dos Santos e Correia de Campos. Deputados: vislumbro Alegre, Jerónimo de Sousa, Zita Seabra, Fernando Rosas, Helder Amaral, Luís Fazenda, José Junqueiro, Agostinho Lopes e outros.
Mais importante: na fila da frente da ala em que me encontro, a família de Aquilino, a começar pelo filho sobrevivente, Aquilino Ribeiro Machado; apercebo-me de netos, bisnetos e até, certamente, trinetos. Alguns revelam os traços fortemente marcados do seu antepassado. Vejo-o em especial numa senhora jovem, que julgo seja neta, com um facies magnífico.
Ainda importante: perto de mim está Artur Portela (que, se a memória me não atraiçoa, dedicou um dos volumes de A Funda ao Mestre); e, tão significativa quanto discreta, a presença de um dos nosso maiores escritores vivos, Mário de Carvalho.
O que me fez, porém, alinhavar estas notas, foi a circunstância de, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Cesário Costa, Luís de Freitas Branco ter pontuado esta cerimónia com a sua grande música, sabiamente escolhida. O maior escritor e o maior compositor do tempo de ambos, encontram-se nesta ocasião cheia de significado. Ainda ontem me referi a Luís de Freitas Branco como um dos criadores cuja obra é patrimóno nacional. Espero agora que o Panteão, magnificado com os despojos de Aquilino, venha a acolher um grande compositor português, e que esse seja Luís de Freitas Branco.

O Vale do Riff - Herbie Mann, «Sonyos»

terça-feira, setembro 18, 2007

Aquilino no Panteão

Os restos mortais de Aquilino serão trasladados amanhã, 19 de Setembro, para o Panteão Nacional. Não sei se ficarão na melhor companhia, se ao escritor lhe seria grata a ideia, nem isso é especialmente importante. Aquilino já em vida não se pertencia, como deixou de ser pertença da sua família após a morte. Aquilino, a sua obra, que é a do maior prosador português do século XX, há muito que é património nacional. Com o gesto de amanhã, o Estado mais não faz do que consagrar algo que é pacificamente apreendido pela comunidade. O monumento literário que o autor de Andam Faunos pelos Bosques nos legou aprofunda-nos e dá-nos mais consistência enquanto portugueses, do mesmo modo que as crónicas de Fernão Lopes, Os Lusíadas e Mensagem, as obras de Camilo e Eça; tal como sucede com o Mosteiro da Batalha e a Torre de Belém, os Painéis de Nuno Gonçalves e os retratos de Columbano, a Sinfonia n.º 1 de Luís de Freitas Branco e os Verdes Anos de Carlos Paredes. É densidade desta que o milagre do talento de Aquilino nos acrescenta como povo e como pátria.
É por isso, neste caso, duma total irrelevância saber se Aquilino era de esquerda ou de direita, monárquico ou republicano, hetero ou gay, casto ou dissoluto, preto ou branco ou outras ninharias. É um grande escritor, um dos maiores cultores da nossa língua, disso deixando abundante testemunho ao longo de meio século de livros publicados.
E eu, que não sou nada nacionalista, acho muito bem que a Pátria de Aquilino, depois de em vida lhe ter feito mais mal que bem, reconheça através desta homenagem o muito que lhe deve -- que será sempre incomensuravelmente mais do que todo e qualquer preito que se lhe possa fazer.


retrato de Aquilino por Diogo de Macedo
tirado daqui

O Vale do Riff - Yes, «Into The Lens»

segunda-feira, setembro 17, 2007

estampa CXIX

Paul Delvaux, Mulher ao Espelho

Clolecção Thyssen-Bornemizsa, Lugano


Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Pablo Neruda

O Vale do Riff - Foreigner, «Juke Box Hero»

domingo, setembro 16, 2007

Caracteres móveis - George Steiner

Nada é mais religioso, nada se aproxima mais do furor extático de justiça dos profetas, do que a visão socialista da Gomorra burguesa e da criação para o homem de uma nova cidade pura.


No Castelo do Barba Azul
(tradução de Miguel Serras Pereira)

esta semana n'O Vale do Riff






sábado, setembro 15, 2007

Antologia Improvável #252 - Gil Nozes de Carvalho

IMPRESSÕES DA RETINA

Feito no corpo, o gesto de amor,
excede a intuição das pálpebras:
a janela d'água, o coito, a tradição hermética.
E a rapariga caminha do canavial
para o lápis do dia.
Desenha na íris o furo da mais alta cana
desce a salamandra
no sentimento, trai o voo
em traços cada vez mais nítidos.

Alba

sexta-feira, setembro 14, 2007

kill the gun



Do Blog 19
Eu, a propósito da seca do «caso» Scolari, só tenho a dizer isto: o jogador sérvio deu uma palmada na mão do treinador, com idade para ser seu pai; este respondeu-lhe com uma pêra no focinho. Acho magnífico, só tenho pena que fosse uma perinha. Quanto ao resto, federação, telejornais e outras porcarias, estou-me a cagar.

O Vale do Riff - The Who, «Baba O'Riley»

quarta-feira, setembro 12, 2007

Por um Tibete livre

Percebe-se o melindre que provoca a visita do Dalai Lama a Portugal, mas o país deveria enviar um sinal muito mais forte aos tibetanos e aos chineses. Em especial este país, que tanto pugnou nos areópagos internacionais pela autodeterminação de Timor-Leste. Uma audiência com a comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros é claramente insuficiente, e, por isso, não ficamos lá muito bem na fotografia.


O Vale do Riff - Fleetwood Mac, «Albatross»

terça-feira, setembro 11, 2007

Antologia Improvável #251 - Armando Silva Carvalho

Tu tinhas esse lindíssimo timbre
das primas-donas espanholas.
Preparavas todas as manhãs o branco
da garganta com vários goles de vinho
e praguejavas alto para que os teus filhos
(cada um de seu pai)
te fossem por recados e merendas.
O teu ofício era vender pedras de cal
aos gordos fazendeiros
que te percorriam o ventre inchado
nas noites de dezembro
e iam mijar depois dentro das bilhas
de água.
Ainda não morreste no meu tempo
mulher de cal e mágoa.
Cada casa caiada é a pele do teu corpo.



Alexandre Bissexto

O Vale do Riff - Lester Young, Jo Jones, Barney Kessel et allii, «Jammin' The Blues» (excerto)

segunda-feira, setembro 10, 2007

estampa CXVIII

Henri Rousseau, Eu Próprio, Retrato-Paisagem
Galeria Naródni, Praga

O coração é imenso: a campa fria / É pequena de mais para contê-lo.
Soares de Passos

O Vale do Riff - Erroll Garner, «All The Things You Are»

Sobre o livro de Zita Seabra



Zita Seabra está longe de ser uma escritora aceitável, mas foi uma memorialista competente.
O seu livro não me desapontou, em especial na parte que mais curiosidade me suscitava, a época do prec. Responsável máxima da UEC, vinda da clandestinidade, mais tarde elevada à Comissão Política do Comité Central, o seu testemunho confirma como as cúpulas do PCP encaravam a democratização do país com reserva mental, sendo porém alheias aos desmandos da extrema esquerda, cujo radicalismo assustava a maioria silenciosa, que pouco distinguia uns dos outros. A ideia de que os esquerdistas seriam uma espécie de cães-de-fila servindo objectivamente uma estratégia do Partido, como por vezes se diz, não me parece ser sustentável, a partir deste depoimento.
Também me impressionou o relato da clandestinidade -- boa parte dela passada a desempenhar o papel de doméstica inofensiva, conspirando dentro de portas --, bem como a fibra obstinada que revelou nesta situação de grande pressão psicológica e isolamento dos familiares e amigos mais próximos, fortaleza que se fará sentir já no caminho da dissidência.
Estas são igualmente memórias do choque com a realidade, quando, já dissidente, percebe a miséria moral do embuste que foi o «socialismo real». Só em ruptura com o Partido, na sua última viagem à União Soviética -- e também mercê da glasnost de Gorbatchev --, Zita Seabra esteve disponível para verificar o que de facto se passava dos países ditos socialistas. A admissão da recusa em ver, com a constatação do logro que fora o seu percurso até aí, é exposto com uma clareza e uma coragem admiráveis.
Os relatos dos dois «julgamentos» que conduziram à expulsão da Comissão Política e depois do Comité Central, são, apesar do dramatismo, hilariantes, pela feição de tragicomédia de que se revestiram: a natureza humana em todo o seu esplendor. Porém o tom muda, quando Cunhal, no decurso do segundo conclave que conduziria a militante à expulsão, interpela todo o C.C., perguntando a quem ali se encontrava, quantos teriam a coragem de Zita Seabra, de estarem sozinhos naquele confronto....
O retrato de Cunhal é outro dos aspectos mais interessantes do livro. Zita Seabra trata a generalidade dos antigos camaradas -- em especial os velhos resistentes dos cárceres da pide -- com o devido respeito. Pressente-se, para quem está de fora, um ou outro remoque, em relação aos quais a consideração já não será tão grande, como parece passar-se com o actual secretário-geral, referido duas vezes de raspão, mas com significado. Mas o tom geral do livro é elevado. Cunhal, que obviamente a marcou, aparece com as qualidades que geralmente lhe são reconhecidas, mas também com defeitos -- os defeitos de quem, pela sua própria biografia e pela cultura e brilho intelectual, detém sobre os outros um ascendente que não deixa de ser exercido, com crueza e desprendimento se necessário. O histórico líder do PCP apareceu-me aqui desmitificado como eu nunca vira a partir duma fonte directa; e, ao mesmo tempo, humanizado, na sua grandeza como nas suas pequenas misérias. E isso, por paradoxal que pareça, é ainda uma forma de homenagem.

domingo, setembro 09, 2007

acordes nocturnos


capismo

Raquel Roque Gameiro
capa para A Minha Pátria, de Ana de Castro Osório
Livraria Editora «Para as Crianças», Setúbal, 1906

esta semana n'«O Vale do Riff»






sábado, setembro 08, 2007

Caracteres móveis - Joseph Conrad

Conheceu a mágica monotonia de uma existência passada entre o céu e o mar: teve de suportar as censuras dos homens, as exigências do mar e o rigor prosaico do trabalho diário que dá o pão -- mas cuja única recompensa se encontra no amor total pelo que se faz.


Lord Jim
(tradução de Carmen González)

sexta-feira, setembro 07, 2007

o nome e a coisa

Os anarquistas sempre tiveram um grande respeito pela classe política, globalmente considerada. Vejo essa consideração devidamente impressa no último número do jornal A Batalha -- título histórico do anarco-sindicalismo que editava um excelente suplemento cultural hebdomadário, colaborado por nomes como Ferreira de Castro, Jaime Brasil, Roberto Nobre, Julião Quintinha, Mário Domingues ou, mais esporadicamente, Raul Brandão, Rocha Martins, Assis Esperança e José Régio, entre muitos outros.

Fiel aos seus pergaminhos, A Batalha, agora publicado pelo Centro de Estudos Libertários, traz nesta edição de Julho-Agosto -- mais estival, portanto --, uma curiosa lista de anagramas de actuais e antigos dirigentes partidários de todo o espectro parlamentar.

O PSD, não sendo o mais votado, ocupa a Presidência da República. Antes do primeiro magistrado, refira-se um dos seus dirigentes mais emblemáticos, PEDRO SANTANA LOPES, com direito a dois anagramas: «SATANÁS PLENO» e «ASNAL ESPANTO»; ANÍBAL CAVACO SILVA dá «LAVABO NA CASA CIVIL».


Passemos ao PS, de todos os partidos, o menos antipático a uma boa parte dos libertários. O PS surge com quatro nomeações: MÁRIO SOARES, «ISSO ERA AMOR»; JORGE SAMPAIO, «O MAJOR PIEGAS»; ANTÓNIO GUTERRES, «OUTRO RESIGNANTE»; e ALMEIDA SANTOS, com direito, tal como Santana, a um carinho especial, com duas possibilidades gostosíssimas: «SALADA SEM TINO» e «MISTELA DANOSA».

Segue-se um arqui-inimigo, o PCP, que surge com a única mulher da lista, justa presença para os animadores do MDM: ODETE SANTOS, também ela com duas combinações, relativamente benignas: «TESTA DE SONO» e «DOTE SENSATO».

Uma outra espécie de inimigo, a beatice e o ultramontanismo eclesial, têm no CDS o melhor encaixe: não propriamente TELMO CORREIA, que surge na lista como «O MOLE RECITAR», mas sim PAULO PORTAS, magnificamente mudado para «O SURTO PAPAL».

Deixo para o fim mais um arqui-inimigo, o trotskismo, aqui personificado por FRANCISCO LOUÇÃ; «LUFAR CONCISO».